Pela definição, os diretos humanos são universais indivisíveis e interdependentes. Incluem os direitos econômicos, sociais, culturais, sexuais e ambientais e além de muito outros. É bem verdade que nem sempre são universais, nem indivisíveis nem interdependentes, pois são construções permanentes, com avanços e retrocessos em cada continente em cada país e em cada povo ou etnias. Dependem sempre do grau de organização e da história das comunidades dentro das circunstâncias em que foram ou que estão vivenciando.
Países ditos desenvolvidos para justificar sua dominação sobre outros povos e impor sua maneira de ver constroem uma narrativa, para justificar suas atitudes. Mesmo quando estão praticando atrocidades. Os crimes dos colonizadores sempre foram acobertados sobre o manto de levar civilização, cultura e religião e até hipocritamente defender os direitos humanos naquelas regiões.
A questão ambiental geralmente não tem sido compreendias na sua complexidade e importância. Não estamos destruindo a natureza, estamos nos autodestruindo, pois, somos parte dela.
O Espírito Santo tem uma história trágica neste campo. Os grandes projetos foram implantados sob a ótica do progresso, da geração de empregos e da civilização, mesmo quando um profeta e cientista de Santa Tereza Augusto Ruschi clamava quase no deserto, ou melhor, para impedir a desertificação e a poluição que ameaçaria as cidades, mas principalmente a região metropolitana. Ele era tido como um louco, e era louco mesmo de amor pela natureza da qual a espécie humana e uma parte minúscula, que tomou consciência de si mesmo e por isto está condenada a ser responsável para cuidar das coisas e de si mesmo.
A implantação dos grandes projetos no Espírito Santo, seja da Vale, Arcelor, Samarco, Petrobras, Aracruz Celulose (Fibria) foram apontados e mesmo denunciados como projetos que põem em riscos a população, mas prevaleceu sempre á ideia de que apenas trariam progresso e empregos.
Por esta visão que prevaleceu, hoje resta à sociedade capixaba continuar tentando desesperadamente amenizar os males da poluição e das devastações resultantes desta interpretação errônea de progresso.
Frequentemente perguntam: podia ser diferente? Sim, certamente que sim. Mas os gritos e clamores foram insuficientes, e as tragédias estão postas para toda a sociedade.
Hoje vivemos, ou sobrevivemos, na poluição e sabemos que a CPI do Pó Preto não vai dar conta, mas vale o esforço, porque assinala que o problema existe, e que algo tem que ser feito, por esta e quem sabe por outras gerações
A humanidade terá que encontrar meios para evitar tais tragédias, as entidades da sociedade civil e do poder público, nas três esferas, não podem se eximir diante destas gritantes violações de direitos humanos ambientais.
A poluição está no ar, nas águas, nas terras e mesmo no subsolo. Não é um problema local, é estadual, nacional. É planetário.
As ações humanas que degradam a natureza podem ser evitadas, as catástrofes naturais podem ser minimizadas, dependendo do grau de prevenção que tomamos, vide os casos do Japão, Chile e Haiti.
Cada indivíduo, cada instituição, cada representante do poder público tem que fazer o seu dever de casa, não apenas agindo sobre os efeitos do que já foi feito, mas também para evitar que a gerações seguintes paguem por nossas ações, conivências e omissões.
As devastações das florestas, o uso inadequado das terras, incluindo as concentrações, o uso dos agrotóxicos que contaminam os rios o subsolo, os mares e o ar que respiramos persistem apesar de sabermos dos males que já causaram e que estão causando e que continuarão ameaçando a vida das pessoas.
A origem e as causas destas calamidades são conhecidas, e sabemos que a única força capaz de deter e reverter a tragédia são o despertar e o agir da sociedade. Somos os únicos seres que podemos destruir a nós mesmos e o mundo que nos cerca. Somos também os únicos que podemos mudar o nosso destino, e prolongar nossa estada neste Planeta.