Assim que foi divulgada a lista de políticos que teriam recebido repasses da Odebrecht, as redes sociais começaram a divulgar, debater e julgar os citados na lista, mostrando como o tecido social está sensível aos desdobramentos da crise política. Independentemente da justificativa dos “listados”, os ataques e defesas começaram a se desenhar no campo virtual.
Se na eleição de 2014 as redes sociais se transformaram em um campo de batalha na polarização radicalizada da disputa presidencial, sobretudo no segundo turno, na eleição de 2016, as discussões antecipam o debate eleitoral entre os nomes que sequer foram levados às convenções partidárias.
É claro que o debate político é sempre saudável, mas o problema é identificar nas redes sociais o mau uso das informações. Agora mesmo, nas manifestações pró e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o que se viu de falsos comunicados circulando, dos dois lados, foi uma grandeza.
E o pior, a população no meio de tanta informação, de tanto bombardeio e de tantas reviravoltas não sabe mais para onde ir. Reproduz as postagens cada vez mais violentas e acirram ainda mais os ânimos. Enquanto isso, o debate político mesmo fica para depois.
Cada vez mais emocional, a radicalização das discussões políticas coloca em xeque a possibilidade de se apresentar uma proposta para se superar a crise política. A população repete os discursos de algumas lideranças políticas e de formadores de opinião, muitos deles sem grande compromisso democrático, e diz que quer mudança.
Mas no que consiste essa mudança? Dizer que quer o fim da corrupção é um argumento subjetivo demais. Que é preciso mudar, está óbvio, mas como se chegar a uma mudança de caminho político no País sem uma mudança no perfil das lideranças e no comportamento do eleitorado.
Independentemente de quem vai estar com a faixa de presidente em 2018, sem uma tomada de consciência sobre a necessidade de participação política do cidadão comum, dificilmente se chegará a um estado de eficiência, democracia e moralidade no País.