Somos o paradoxo daquilo que somos e aquilo que deveríamos ser, realidade e utopia
A história humana é um construto existencial constituído por caminhos que foram construídos a partir de todas as experiências vivenciadas por aqueles e aquelas que se põem a caminhar. Quando pés corajosos se aventuram pelas estradas da vida, é preciso saber caminhar, e para tanto, é preciso minimamente ter um método espiritual para que a jornada da vida proceda de forma saudável.
Método em grego significa “caminho”. A espiritualidade é um fenômeno religioso que tem o potencial de se apresentar para o ser humano como um tipo de caminho, um tipo de método, uma orientação para o saber viver. Os mestres religiosos são mestres porque seus caminhos de vida se tornaram modelos e referências para milhares de serem humanos que estão à procura de direção e sentido para a vida.
Quando a vida é entendida como caminho, o ser humano é forçado a se perceber como um eterno viajante que ainda não alcançou a sua plenitude. O imperativo que se impõe é, ande, caminhe, nunca pare até chegar ao seu lugar ideal.
Somos o paradoxo daquilo que somos e aquilo que deveríamos ser, somos de forma ambígua, realidade e utopia, enfim, somos uma profunda ambivalência, e para lidar com essa densa complexidade existencial, carecemos de uma espiritualidade que seja um caminho saudável para lidarmos com as nossas incoerências e idiossincrasias, belezas e feiuras, virtudes e mazelas.
Oseias Santos é cientista da Religião