É difícil acreditar que o governador Paulo Hartung (PMDB) vá mesmo arriscar uma candidatura a vice-presidente em 2018. Tem muita coisa nessa movimentação que não combina com o perfil dele, mas também tem muita coisa que aconteceu que não estava nos planos em 2017. Será mesmo que depois de uma queda tão vertiginosa no início do ano, o peemedebista terá sua redenção na eleição de 2018?
A primeira coisa que não combina com o perfil do governador é essa ideia de fazer um projeto agregando lideranças de centro que queiram discutir o País. Hartung não tem cara de quem entra em projeto coletivo, o qual não seja o protagonista absoluto. E, convenhamos, ele ainda não é essa liderança nacional toda para tomar conta de um projeto dessa monta.
Uma disputa tão arriscada, em um cenário tão adverso da política nacional, vindo de um estado pequeno e brigando com grandes leões da política central, que podem estar feridos agora, mas com capacidade de recuperação impressionante. Se lançar em um universo sem a certeza absoluta da vitória, não é, definitivamente, perfil de Hartung.
Outro ponto que intriga é a antecipação do debate, jogar um ideia audaciosa dessa há mais de um ano da eleição, vindo de alguém que sempre define seu futuro aos 45 do segundo tempo, não combina. Tem algo aí, mas o quê? Parece mais uma projeção de sua imagem lá fora para garantir um futuro tranquilo no Espírito Santo. Afinal, quem vai querer ficar contra o homem que foi cotado para vice-presidência ao lado da reserva moral Joaquim Barbosa, que, aliás, também não confirma candidatura a nada agora?
Hartung já está ganhando um leão bem importante nessa selva, que é o mercado. A partir da conquista de seu principal canal de voz, o Valor Econômico, o governador se apresenta como o homem que vai continuar sustentando o privilégio do pessoal do patinho amarelo, e isso é um passo e tanto, mas ainda há outras selvas a conquistar.
Fragmentos:
1 – A eterna luta entre Sérgio Vidigal (PDT) e Audifax Barcelos (Rede) ganha mais um capítulo com a acusação do pedetista de que o prefeito teria desviado dinheiro de emendas parlamentares por ele destinadas à saúde. Audifax diz que o dinheiro não era suficiente para a construção de unidades de saúde. A briga promete.
2 – A sessão dessa quarta-feira (6) na Assembleia foi bem em ritmo de feriadão mesmo. Mas com a concorrência grande por uma vaga na Casa, dificilmente os deputados vão aproveitar os dias em casa. O negócio é aproveitar para visitar base.
3 – A estratégia de descentralizar a parada de 7 de setembro parece ter dado certo. Público presente e nada de protestos aparentes contra o governo. O negócio é evitar a Grande Vitória a qualquer custo.