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Haja abraços!

O que muda, além de ficarmos um pouquinho mais sábios?

Talvez você nem tenha percebido, mas o ano de número 2025 do calendário cristão – que mal engatinha – é o mesmo usado em muitos países onde predominam outras religiões. Estamos na mesma página, dizem os esclarecidos. Essa contagem de tempo que hoje controla a maior parte do globo terrestre começou no nascimento de um menino e tem sido usada mundo afora, há quase 2025 anos. Ano Novo, vida nova? O que muda no nosso cotidiano, além de ficarmos um pouquinho mais sábios?

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A esperança, companheira de jornada, chega sem pressa e se acomoda sem cerimônia onde achar lugar. A nova data é recebida com risos e festas, fartos abraços, muita pólvora explodindo em luz e cores pelo ares, champanhe e cerveja rolando. O ano que parte leva na bagagem as decepções e os desafetos, esvazia a casa deixando lugar para novos sonhos, esperanças recicladas. No ano que começa vou comprar um carinho de mãe, uma saia de roda, um chapéu de sol, um anel de noivado, um gingado de samba, um amor verdadeiro.

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O menino nasceu há 2024 anos em Belém da Judéia, Palestina. O Brasil tem oito cidades chamadas Belém: a capital do Pará, terra do açaí e da castanha do Brasil. Além da capital, tem outra Belém no Pará. Tem uma Belém em Alagoas e outra no Piauí. Na Paraíba tem Belém e Belém do Brejo da Cruz; em Pernambuco tem Belém de Maria e Belém do São Francisco. Tem ainda um bairro em São Paulo chamado Belenzinho. Bônus extra: o Pará e Portugal têm 23 cidades com o mesmo nome!

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Ano Novo traz mudanças – muda o ano e o mundo amanhece sorrindo, as pessoas se cumprimentam com carinho: Feliz Ano Novo! Haja abraços! Que tudo se realize no ano que passa o bastão para o próximo – O rei morreu, viva o rei! Essa mudança imutável reflete a constante renovação da vida – a terra gira e o tempo voa, acalentando a eterna esperança humana de que dias melhores virão: a dor vai passar, o amor vai voltar, o mal vai sarar, o tempo vai mudar, a mancha vai sair, o governo vai resolver, o patrão não vai descontar, o dólar vai cair, o salário vai subir.

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Nesse ano que se anuncia alvissareiro e gentil, vou comprar um vesido de renda, uma camisa amarela, um poema da Clarice, um céu estrelado, um laço de fita, um quindim de coco em Nova Almeida, um conto de fadas, uma estrela no mar, um beijo na boca. Vou sair por aí, sem lenço e sem documento, e se a polícia não me pegar vou dançar um forró em Itaúnas, furar onda em Guarapari, comer moqueca com pirão na Praia do Canto, beber cachaça de Jequitibá, comer capelete em Santa Teresa…acender uma vela na igreja matriz de Alegre, subir o morro do convento da Penha, em Vila Velha.

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Mas se o feriado acabar e tudo continuar do mesmo jeito, igual mas nem tanto, não desanime! Outro ano por certo vai chegar, prometendo surpresas e ampliando possibilidades – a roupa ainda vai servir e o feijão não vai queimar. Para vocês, queridos leitores e leitoras que me acompanham nessa jornada de 25 anos, um Ano Novo cheio de encantos e harmonia.

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