Independente do resultado das urnas no próximo domingo (5), a ação do PSOL pedindo a investigação das denúncias contra o candidato ao governo Paulo Hartung (PMDB) entra para a história destas eleições. Mais cedo ou mais tarde, as denúncias terão de ser apuradas.
Os candidatos do PSOL Camila Valadão (governo) e André Moreira (Senado), escorados em reportagens de Século Diário, apontam que o candidato ao governo pelo PMDB incorreu em crime de “omissão dolosa” (intencional) ao não declarar todos os seus bens à Justiça Eleitoral. Ao omitir as informações, acusa a ação, Hartung enganou os eleitores, além de provocar um desequilíbrio na disputa com os demais candidatos.
A ação cita a mansão de Hartung em Pedra Azul, que simplesmente “desapareceu” da declaração de bens do candidato. “Pois é impossível alguém cujos bens declarados não chegam a um milhão de reais, e que ocupou cargo de governador, adquirir uma mansão como essa”, diz um trecho da ação.
O PSOL também contesta a empresa familiar (PPG Empreendimentos Imobiliários) criada no final do governo para “gerir” o espólio de herança do pai de Hartung. “A constituição da empresa evidencia que o representado assim o fez para evitar que os bens aparecessem nesta disputa eleitoral”.
A consultoria Éconos também é alvo da ação. Os autores denunciam o abuso do poder político e econômico pelo suposto tráfico de influência na defesa de empresas favorecidas pelo então governador do Estado, bem como a suspeita de arrecadação antecipada de recursos para campanha eleitoral. Eles citam a lista de clientes da Éconos. As empresas, que possuíam estreita relação com o governo Hartung, pagaram à consultoria R$ 5,8 milhões em pouco mais de três anos, justamente no período em que o ex-governador figurou como sócio na empresa.
A representação movida pelo PSOL institucionaliza as denúncias. Independente de derrota ou vitória no próximo domingo, uma hora ou outra, Paulo Hartung terá que explicar à Justiça por que omitiu do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) um patrimônio milionário. Ele também terá que convencer a Justiça de que os serviços prestados a título de “consultoria” pelo Éconos não se distinguem, na melhor das hipóteses, de prática de lobby e tráfico de influência.
O conjunto das denúncias dá dimensão da importância da ação do PSOL, que inclusive pede a impugnação das candidaturas de Hartung e do vice, César Colnago (PSDB).
Apesar da relevância dos fatos, até o fechamento deste artigo (30/09/2014, às 20h45), os dois maiores grupos de comunicação do Estado (Rede Gazeta e Tribuna), após mais de 24 horas da publicação da notícia por Século Diário, continuam ignorando solenemente a ação do PSOL.
Isso significa que o (e) leitor que usa exclusivamente os veículos desses dois grupos para se informar não sabe que há neste momento uma ação em análise na Corregedoria do TRE-ES, que pode resultar até na cassação do candidato ao governo Paulo Hartung.