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Juneteenth

A data é uma celebração da cultura afro-americana

Com mais de duzentos anos de atraso, um novo feriado foi adicionado ao calendário oficial americano: o Juneteenth. O Presidente Lincoln tornou ilegal a escravidão não apenas como um ato de justiça e igualdade social, mas também porque precisava do apoio dos escravos na guerra de secessão. Não importa qual tenha sido a intenção, o abominável costume de explorar a vida alheia deveria ter chegado ao fim. Ele disse: Aqueles que negam a liberdade aos outros, não a merecem para si mesmos.

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Mesmo assim e apesar de ter perdido a guerra, o sul manteve o nefando ato até que, no dia 19 de junho de 1865, dois anos e meio depois da lei libertadora de Lincoln, o governador do Texas, Gordon Granger, proclamou uma segunda emancipação dos escravizados. E não os deixou ao Deus-dará: Os libertos são aconselhados a permanecer em silêncio em suas casas atuais e trabalhar por salários. A data é uma celebração da cultura afro-americana.

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Com o Movimento pelos Direitos Civis dos anos 60 e a não violência de Luther King, o Juneteenth sumiu do mapa, mas reapareceu e ganhou força nos anos 70. Em 2021, por decreto do atual presidente Joe Biden, virou feriado nacional. Festas e celebrações se espalham por todo o país, agora comemorado no terceiro sábado do mês de junho. Em alguns estados existe o concurso Miss Juneteenth.

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Nosso 13 de maio, Viva a Princesa Isabel, já foi feriado nacional, revogado por Getúlio Vargas em 1930. Ninguém se lembra mais da Redentora, que tal como Lincoln, agiu de acordo com os interesses de seu tempo e a necessidade do momento. Indenização e integração social é assunto atual, mentalidade moderna. A Lei Áurea foi omissa, claro, mas para os 700 mil escravos que viviam sob a lei do tronco e da chibata, foi a redenção.

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Erraram os governos posteriores, que deveriam ter dado continuidade ao evento, criando leis de integração social e preparo profissional. Não podemos comparar a discriminação racial no Brasil com as atrocidades cometidas nos Estados Unidos. Mas que aqui também existe, e bem arraigada no nosso cotidiano. No recente jogo de futebol contra o racismo, vimos a ridícula atitude de um segurança contra uma pessoa de cor. Inaceitável, mas também vimos o deslize dos organizadores do evento: todas as crianças que acompanhavam os jogadores eram brancas. Gilberto Gil disse: Onde eu não entro (antes da fama, claro) branco pobre também não entra.

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Há discussões no Brasil sobre a data correta para se comemorar a abolição da escravatura. Enquanto nada concluem, nada comemoramos. Esquecemos o passado, a degradação moral, a anulação da identidade e do conceito de família, o ódio e a discriminação. Nossa taxa de analfabetismo: 8% de brancos e 21% de negros. Acorda, Brasil!

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