O terceiro mandato de Paulo Hartung (PMDB) vai apresentando algumas dificuldades em relação aos anteriores. O governador está sendo obrigado a lidar com uma série de “motins”, situação inimaginável outrora.
Depois do movimento de mulheres de PMs que parou a Polícia Militar do Estado por 22 dias, causando uma crise sem precedentes na segurança pública, Hartung vem enfrentando outros focos de “motins”.
Avesso ao diálogo, que nunca foi uma característica dos seus governos, desde o início da paralisação da PM Hartung decidiu enfrentar o movimento na força. O revide do governo, que começou com ameaças, mostrou sua face mais truculenta quando passou a pressionar o Ministério Público Estadual e a Justiça para prender os “insurgentes”.
Parece que a estratégia da força funcionou. O governador se convenceu que o caminho é esse mesmo. Assim que as mulheres voltaram para as ruas, esboçando um novo movimento, o governador imediatamente as reprimiu com mandados de prisão e de busca e apreensão. Com mais cinco mandados de prisão cumpridos nessa quarta-feira (29) contra PMs, sobe para 12 o número de pessoas presas – entre mulheres e militares.
Mas se para manter a PM sob rédea curta a estratégia tem sido recorrer às prisões, o mesmo expediente não pode ser replicado para conter outros “motins’’.
O que fazer com o grupo de cinco ou seis deputados que passaram a se “amotinar” na Assembleia Legislativa? Se nos dois primeiros anos desta Legislatura Sérgio Majeski (PSDB) era o “rebelde solitário”, agora ganhou a companhia de outros deputados, que passaram a rejeitar o papel de vassalos do Palácio Anchieta.
O movimento ainda é incipiente, mas já incomoda o governador, que no início desta semana sofreu um revés ao tentar punir, via Executiva do PDT, os deputados Euclério Sampaio e Josias Da Vitória, que passaram a fazer oposição ao governo, num ato de “rebeldia” sem precedentes.
Ao mesmo tempo em que tentava manter o PDT sob seu controle na Assembleia, o governador se desdobrava para conter outro “motim”. Um grupo de “insurgentes”, puxado pelo prefeito de Viana Gilson Daniel (PV), entendeu que era a hora de “revolucionar” a Amunes, rompendo as amarras com o Palácio Anchieta, para tirá-la da condição de braço auxiliar do governo.
Nessa queda de braço, Hartung mostrou força e conseguiu impor a vitória do seu candidato, o prefeito de Linhares Guerino Zanon (PMDB). Nesse episódio ninguém chegou a ser preso, mas corre nos bastidores que muitos prefeitos foram ameaçados. Recorreram à velha estratégia de cavucar o que está quieto no Tribunal de Contas e Ministério Público. A pressão funcionou. Muitos prefeitos “voaram” e Gilson Daniel não conseguiu sequer reunir o número mínimo de representantes para registrar chapa.
Preocupante para o governador é que outros “motins” estão eclodindo por aí, e o recurso da força tem se mostrado um método um tanto obsoleto para os dias de hoje.