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Mudança não chegou aos mais pobres

As urnas que deram a Luciano Rezende (PPS) mais quatro anos de mandato nesse domingo (30), expressam muito mais que a vitória apertada (pouco mais de 4 mil votos de diferença) do prefeito sobre o rival Amaro Neto (SD). Elas mostraram que as classes menos favorecidas da cidade não se sentem representadas pela atual gestão.
 
O mapa eleitoral tanto do primeiro quanto do segundo turno revela que Luciano venceu a disputa com os votos das classes mais abastadas. As elites votaram maciçamente em Luciano porque se sentiram de alguma maneira, prestigiadas nesses quatro anos. Mas a diferença para derrotar o adversário no segundo turno veio mesmo da classe média mais homogênea de Vitória, sobretudo dos moradores de Jardim da Penha e Jardim Camburi, dois dos bairros mais populosos da Capital, e que juntos deram mais de 28 mil votos ao prefeito ante pouco mais de 8 mil de Amaro — uma diferença de 20 mil votos.
 
Os analistas de plantão podem dizer que os andares do meio para cima da pirâmide simplesmente se identificavam mais com o projeto do prefeito, e, em contrapartida, tinham ojeriza declarada ao candidato do Solidariedade, com perfil mais popular. Também podem analisar que a votação retumbante de Amaro nos bairros mais pobres da cidade foi conquistada graças ao sucesso do Balanço Geral, que arrebata o grosso da audiência campeã do programa popularesco justamente entre os espectadores das classes D e E, que estão no subsolo da pirâmide.
 
Mas não dá para creditar apenas à audiência estrondosa do programa os mais de 91 mil votos conquistados por Amaro nesse domingo. Muitos dos que votaram em Amaro não são necessariamente fãs de carteirinha do apresentador de TV, mas simplesmente estavam insatisfeitos com a gestão do prefeito do PPS, que acabou não governando para a parte menos abastada da cidade. Pelo menos foi isso que as urnas indicaram.
 
Não por acaso, Luciano tem escapado das perguntas que o questionam sobre o resultado apertado do escrutínio. Ele evita ter de explicar por que perdeu em 32 dos 49 bairros da Capital. Se decidisse falar, teria que admitir que não foi um prefeito cem por cento, como ele gosta de repetir. 
 
O segundo turno serviu para mostrar que a gestão do prefeito não está acima do bem e do mal. Com todas as reservas dos que rejeitaram Amaro, é preciso reconhecer que o candidato do SD passou a ter um papel importantíssimo na disputa a partir do momento em que apontou falhas na gestão do adversário. Alguém precisa levantar o dedo e apontar que Luciano é humano e também erra, embora não admita.
 
Ora, se Luciano tivesse sido o prefeito “perfeito” para os mais pobres, eles seriam os primeiros a defender a sua gestão. Por maior que seja a popularidade de Amaro entre essa parcela da população, ela não seria capaz de tirar os méritos do prefeito, se ele os merecesse. 
 
Luciano precisa ter um pingo de humildade para entender que os mais pobres votaram em Amaro não só por ele ser uma celebridade midiática, mas porque não estavam satisfeitos com a atual gestão. Os mais pobres estavam mais abertos a arriscar novamente porque entenderam que a tal mudança prometida em 2012, pelo menos para eles, ainda não veio.

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