A criação da Rede Sustentabilidade criou nas lideranças políticas do Estado uma expectativa de que, como se tratava de uma nova sigla, essa seria uma excelente oportunidade para quem estava em um grupo político que tivesse qualquer ligação com o ex-governador Renato Casagrande pudesse deixar suas casas antigas, procurando uma nova legenda e podendo, assim, se aproximar do governador Paulo Hartung (PMDB).
Algumas conversas na semana passada davam conta, inclusive, de que Hartung já teria encontrado mecanismos para se apropriar do novo partido, como faz com quase todas as forças políticas no Estado, aproveitando-se da tentativa incisiva do prefeito da Serra, Audifax Barcelos, de cair nas graças palacianas.
O que nem Hartung, nem Audifax e muito menos as demais lideranças políticas esperavam era que, assim como em 2010 – quando Renato Casagrande virou candidato ao governo em uma negociação nacional entre PMDB, PT e PSB –, o socialista estaria novamente em uma articulação nacional, que deve influir no jogo eleitoral do Espírito Santo.
Se os “sonháticos” do Estado acham que a aproximação entre Rede e PSB é apenas um reconhecimento de Marina Silva pelo abrigo concedido pelo ninho da pomba, quando eles tiveram o registro negado em 2013, os socialistas não pensam assim.
Dessa forma, muita gente que tenta se afastar do PSB no Estado pode ter de conviver com o partido em seus palanques em 2016. E se a intenção era cair nas graças de Paulo Hartung ou entregar a Rede para sua coleção de partidos, a coisa pode não sair como o planejado.
Tirando o medo de Paulo Hartung – algo sem sentido no cenário atual, já que o governador não é mais aquela figura pura e poderosa de antes –, que faz com que as lideranças políticas não consigam enxergar as possibilidades para além de seu leque de alianças, a parceria pode ser frutífera no Estado.
Sem a parceria, Audifax Barcelos, por exemplo, poderia ter de conviver com mais uma candidatura na Serra, a do deputado estadual Bruno Lamas, já que o PSB seria obrigado a ter candidatura. Isso é tudo que Audifax não precisa. Quando mais dividir os votos, pior será sua disputa à reeleição contra o seu tradicional rival, o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT).
Mas a Rede não é só Serra e o acordo de Marina Silva com a cúpula do PSB, leia-se, Renato Casagrande, pode mexer com o cenário eleitoral no Estado em suas principais disputas do próximo ano, inclusive em Vitória, onde o governador Paulo Hartung tem um interesse especial.
Fragmentos:
1 – O diretório do PRP de Viana lançou nesse domingo (27) a candidatura do inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Wylis Lyra para disputa à prefeitura em 2016.
2 – Chamou a atenção a presença no evento do vice-prefeito de Viana, Faustão, do PDT, que teria rompido relações políticas com o prefeito Gilson Daniel (PV), que disputa a reeleição no próximo ano.
3 – Em Linhares, os vereadores Estéfano Silote (PDT), Antônio Carlos Teixeira (PSC) e o presidente da Câmara, Miltinho Colega, estiveram no encontro para definir a nova Executiva Municipal do PHS.
Pelo jeito, todos os partidos serão importantes para as composições do próximo ano.