O governador Renato Casagrande valeu-se de um artigo em A Gazeta, publicado na edição desse domingo (11), para dar ao resultado das eleições municipais o colorido de uma vitória da democracia e da unidade política, sob sua batuta.
Passou longe da modéstia, até porque não há realmente outra maneira de se fazer a leitura dos resultados da disputa deste ano. Sobretudo na parte em que evidencia o mau resultado colhido pelo ex-governador Paulo Hartung (PMDB), em contraste com o surgimento de uma nova figura com embalo suficiente para alojar-se no andar de cima da política capixaba: o novo prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS).
Casagrande fez também da queda do Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap) e da redução dos royalties fatores de continuidade da unidade política que saiu das eleições. Só que há uma outra eleição na porta, quando serão disputados o governo, Senado, Câmara Federal e Assembleia Legislativa.
E nessa o governador não continuará mais como o regente, será alvo, pela inevitável condição de concorrer à reeleição. Pode até conseguir adiar o processo, mas será apenas por um curto período. Pois o resultado das eleições municipais, que ele festeja coberto de lantejoulas, é o mesmo que o faz objeto de centro do próximo processo eleitoral, em 2014.
Ai é que realmente residirá o grande teste da sua capacidade de liderança. Uma coisa é uma eleição municipal, em que o governador tem todo um instrumental de poder à disposição, outra é ele disputar uma reeleição, sem qualquer possibilidade de candidatura única.
O que desafia, em princípio, sua capacidade de articulação e comando. E dentro desse universo de unidade, que o governador Casagrande acha que alcançou nas eleições municipais, há outros pretendentes ao governo. Uns com capacidade de articulação. Outros chamados fogueteiros (festejam, mas não disputam), e ainda os que são candidatos em potencial.
A eleição de 2014 é do poder real. Há dois personagens com presença garantida: o ex-governador Paulo Hartung, este não mais pelo prestígio, mas sobretudo pela capacidade de movimentação dentro da estrutura de poder, e senador Magno Malta (PR), com sua ligação com a população de baixa renda, uma fatia importante do eleitorado. São barreiras removíveis. Agora, que eles são difíceis, são. Um por temperamento e o outro pelos ardis que costuma montar nessas horas.
Daí a reeleição de Casagrande estar, inevitavelmente, ligada ao resultado do desempenho de Luciano Rezende na prefeitura de Vitória. O caminho da reeleição passa, portanto, pelo Luciano. É esperar para ver.