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​O avanço da direita

Eleição do Delegado Pazolinin representa o fortalecimento da direita para a sucessão de 2022

A derrota de João Coser (PT) em Vitória tem um significado muito além de simples eleição municipal, na medida em que representa o avanço de forças reacionárias que afloram não apenas do bolsonarismo de raiz, ou seja, da extrema direita, mas, também, de setores do centro que se equivalem à direita defensora das pautas morais, igualmente retrógadas, autoritárias e preconceituosas. Adaptadas a círculos mais desinformados do eleitorado, garantiram a vitória do delegado. 

Esse quadro é registrado tanto em nível local quanto na política nacional, à qual a ascensão do Delegado Pazolini está intimamente ligada. Vale lembrar, por exemplo, postagem nas redes sociais da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, eufórica, parabenizando o “amigo” Pazolini pela vitória. Uma personagem que o futuro prefeito tentou manter no anonimato durante a campanha eleitoral.

Mesmo tratamento foi dado ao deputado Capitão Assumção (Patriotas), derrotado no primeiro turno, que só declarou publicamente que tinha acordo de apoiar o Delegado Pazolini, guardado discretamente, próximo da votação desse domingo (29), com medo da rejeição ao bolsonarismo.

Uma rejeição que cresceu a partir de 2019, juntamente com a meta principal que é o encolhimento do PT e dos partidos de esquerda, estratégia colocada em campo desde 2012, com a utilização do terrorismo mental, principalmente relacionado à moralidade de costumes, discurso proferido de forma distorcida, embasado no ódio, preconceito e no fantasma do comunismo. Como resultado, ocorre o crescimento da alienação eleitoral, demonstrado na soma das abstenções e dos votos brancos e nulos. Em Vitória, esse índice chegou perto dos 30%.

A direita ampliou o seu campo de atuação e, com Pazolini, o eleitor de Vitória quebra a tradição de eleger prefeitos alinhados mais à esquerda, como ocorria desde a redemocratização do país após 21 anos de ditadura militar. O futuro prefeito da cidade é declaradamente de direita, ligado ao bolsonarismo, que visa a ampliação de sua influência ao colocar as forças progressistas como um dos extremos que precisam ser contidos.

A partir de agora, começam as articulações para a eleição de 2022, dentro de um quadro em que a correlação de forças está mais para a direita, apesar das divisões de grupos que já não suportam o bolsonarismo, pela incompetência da gestão presidencial, mas que ainda mantêm elos para aniquilar o campo da esquerda. Nesse domingo, para aliviar a tensão, surgiu uma figura capaz de empunhar essa bandeia de luta em defesa das alas mais progressistas do país, juntamente com o ex-presidente Lula: Guilherme Boulos, do Psol.

Embora derrotado em São Paulo, Boulos se firma como liderança nacional, capaz de ampliar a capilaridade do campo progressista nas casas legislativas onde a esquerda conseguiu colocar seus representantes. Em Vitória, as vereadoras eleitas Camila Valadão (Psol) e Karla Coser (PT) têm essa responsabilidade. 

Será a partir de uma oposição responsável, no tom esperado para provocar uma alteração no atual cenário político, com o assombro de uma direita cada vez mais voltada ao retrocesso e ao obscurantismo, que as duas poderão se juntar ao fortalecimento da resiliência do campo da esquerda. Da mesma forma, João Coser, o ex-candidato a prefeito, carrega a responsabilidade de mais de 70 mil votos dos que esperam mudanças na política nacional. 

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