Depois do churrasco do domingo, algumas bananas são postas a assar nas brasas ainda rubras de paixão. Eis que um dos patos da tribo que invade nosso quintal, se deliciando com as minhoquinhas do gramado, ataca as bananas, pegando-as pelo bico e arrastando-as para longe. Conseguimos espantá-lo e salvar a sobremesa, mas duas bananas foram levadas e instaladas onde ele pensou ser um lugar seguro.
Não seria, se as quiséssemos de volta, mas aceitamos a perda – quem ia comer bananas bicadas por patos? O resto da tarde passamos assistindo a briga dos patoides pelas bananas ainda quentes, constatando que todas as espécies vivas são regidas por hierarquias. Mesmo com o advento do Facebook, no meu quintal ainda impera a lei do mais forte. Ou do mais esperto.
Outros patos acorrem para desfrutar as iguarias, mas o ousado ladrão das bananas não deixa que se aproximem. Bica daqui, bica dali, outros vão chegando na tentativa de usufruir do banquete, e são também enxotados… mas o pato ladrão não dá conta dos ataques, e as bananas vão diminuindo devagar… Até que chega o maior de todos, parecendo o mais experiente da turma. Seria o líder?
Esse afasta o dono, bica sua parte tranquilamente, e depois deixa os outros se aproximarem e se refestelarem também. Por fim vão-se embora, deixando as bananas pela metade – o guloso devia ter pego uma só, já que não queria dividir. E ainda recebo carta do condomínio, avisando que é proibido alimentar os patos. Deviam ter me avisado antes que pato gosta de banana e que o bico pode aguentar altas temperaturas.
O bico, aliás, determina a raça – os patos do nosso condomínio têm o bico fino; os patotas de bico largo, como o Pato Donald, na verdade são marrecos. Faria sucesso no Brasil se o chamassem de Marreco Donald? Acho que não, pois o nome é tudo. Inicialmente, o nome dado por Disney a seu famoso camundongo foi Mortimer Mouse. Felizmente para ele, a esposa Lilian o convenceu a procurar algo mais estrelar.
Registrado e batizado como Mickey Mouse, o sucesso foi imediato? Nem tanto! Duas tentativas iniciais fracassaram – nenhum produtor queria bancar os desenhos porque eram mudos. O som havia chegado ao cinema, e até as crianças começaram a exigi-lo nos desenhos ainda em preto e branco da TV. Disney não perdeu tempo e fez outro filme, e desta vez, Mickey fala!
O sucesso foi imediato, e o ratinho caiu no gosto da turma, desbancando o favorito absoluto da época, o Gato Felix. Todo o sucesso dos filmes animados que vemos hoje nos faz voltar ao passado e lembrar uma frase de Walt Disney, “Não se esqueçam, tudo começou com um ratinho!” Quanto ao nome escolhido para o Mickey, o ator Mickey Rooney jura que foi em homenagem a ele.
Não tenho nada contra os patos, apesar do mau hábito de roubarem minhas bananas, mas dizem que na Europa, o Pato Donald é mais popular que o Mickey, e que há uma grande rivalidade entre os dois: o sonho do Pato Donald é destronar o rato, tornando-se o símbolo da Disney e dos Estados Unidos.