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O​s desalentados

O desemprego continua atingindo a população negra, numa demonstração de que os mecanismos escravocratas estão atuantes no País

São 11,1% da população capixaba, segundo estimativa de pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de desempregados no Estado, somando 238 mil pessoas. Os dados mostram a manutenção do cenário de desemprego no Estado e ressaltam que, no País, as taxas referentes à população negra permaneceram bem acima da média. 

É mais um retrato da estrutura da sociedade brasileira nesses 133 anos da chamada abolição da escravidão, celebrada com festas até anos recentes no dia 13 de maio, hoje contestada por parte da população mais conscientizada dos males gerados por uma elite colonialista, ávida por privilégios.

Por meio de suas ações, mantém os mecanismos de poder junto às classes com maior vulnerabilidade social, ou seja, os pretos que carregam na cor da pele o estigma cruel de uma seletividade esmagadora. Nesse contexto, não somente o desemprego atinge mais em cheio essa população, que forma a maioria dos brasileiros.

São eles os indivíduos “de cor”, como ainda são vistos, as maiores vítimas dos altos índices de violência, os mais atingidos pelo sistema desumano de encarceramento, superlotando os presídios, muitas vezes sem um julgamento justo. Do mesmo modo, têm menos acesso à saúde e à educação, além de integrar a parte mais pobre da população.

O último Atlas da Violência, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela que, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Os dados mostram que homens, jovens, negros e de baixa escolaridade são as principais vítimas de mortes violentas no país.

O desalento aumenta, indicam dados da pesquisa do IBGE revelados nessa sexta-feira (15), ao mostrar que mais de três milhões de pessoas procuram emprego há dois anos ou mais, cenário propício ao agravamento da situação em decorrência da pandemia do coronavírus.

As estimativas de aceleramento da crise crescem e se tornam cada dia mais assustadoras, marcada ainda pela demissão do ministro da Saúde, Nélson Teich, menos de um mês de assumir o cargo. Insatisfeito com a postura do presidente Jair Bolsonaro, o ministro afirmou que não vai sujar a sua biografia.

Nesse quadro, o País mergulha numa onda de um retrocesso gigantesco, iniciado há quatro anos, com a ameaça de uma crise social em larga escala. Como sempre, os mais prejudicados serão as classes menos favorecidas, que, sem saída, continuarão atingidos pela violência estrutural de uma sociedade construída sobre privilégios impensáveis para a maioria.

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