São usados também para se agarrarem, se atacarem, se abraçarem e se protegerem
O corpo humano é a obra prima do universo, um mistério que nem os humanos conseguiram decifrar ou superar. E não preciso entrar em detalhes, uma vez que cada um tem um à disposição para comprovar. Se tem um cérebro pensante, é humano. Outra maravilha do universo são os pássaros, seres que voam e são recobertos de penas – se tem pena, é pássaro. Além de serem usadas como adorno e terem nos servido para escrever e pintar, as penas têm múltiplas funções nas aves, além de aquecer e impermeabilizar.
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Então imaginemos se um odioso ser de algum planeta distante conseguisse capturar um terrestre, para estudos, pesquisa científica, essas coisas. Ficaria deslumbrado, claro, uma vez que o corpo deles é tão primário como o das larvas. Relatório final: As duas estacas mais longas são usadas para se locomoverem, as duas placas na extremidade servem para manter o equilíbrio. Sem elas, eles teriam que se arrastar, como nós. Mesmo assim, eles usam máquinas para mudarem de lugar – como nós.
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Os dois apêndices laterais têm funções mais específicas. Os terminais em cinco pontas servem para pegar e manipular alimentos e objetos. São usados também para se agarrarem, se atacarem, se atracarem, se abraçarem e se protegerem. Em algumas espécies as pontas são coloridas. Esses apêndices são atados a uma caixa que armazena pequenas máquinas complexas, com funções específicas: respiração, alimentação, eliminação dos excessos, lubrificação. Concluímos, portanto, que o ser humano é uma pequena bola no topo dessa caixa – com dois faróis para observação, uma válvula para entrada e saída do ar, duas caixas para capturar o som, e um orifício alongado para manutenção e comunicação. Em algumas espécies, esse orifício é colorido.
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Conclusão: o engenho móvel que se autodeclara senhor do universo varia bastante em cor e tamanho, mas por dentro são todos iguais. Eles são movidos por complexos impulsos internos chamados emoções: variações hormonais que determinam alegria, tristeza, raiva, satisfação, generosidade, egoísmo, amor, ódio. As reações subsequentes são rir, chorar, gritar, sussurrar, praticar o bem ou o mal, às vezes ambos. Essa ambiguidade coletiva está bem demonstrada em um pequeno quadro que capturamos em um museu – um sorriso que não conseguimos ainda definir se revela o lado bom ou irracional dos humanos.
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Ou uma estranha conjunção desses dois extremos. Chamada de Mona Lisa e Gioconda. A jovem senhora retratada por Leonardo da Vinci tem mais de 500 anos, e continua um mistério. Mas sem dúvida é o sorriso mais caro do mundo, com o Guinness Record de seguro mais alto já pago por uma pintura: um bilhão de dólares!