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​O termômetro eleitoral

As eleições municipais deveriam marcar o início da reconstrução do Brasil, destruído por Bolsonaro

A campanha eleitoral de prefeitos e vereadores iniciada nesse domingo (27) carrega a responsabilidade de iniciar a construção de caminhos adequados que irão definir se Jair Bolsonaro, a representação maior da má política, terá sustentação popular para manter-se no poder a partir de 2022 ou se o Brasil ingressará no urgente e necessário período de reconstrução, com a eleição de alguém voltado aos interesses da sociedade. Não que os prefeitos tenham força suficiente para tanto, pelo menos de forma direta, mas eles desempenham papel fundamental na tomada de decisões junto ao eleitor.

Não pode ser esquecido que prefeitos e vereadores representam a base dos governos estaduais e do Congresso Nacional, cenário onde se desenvolvem acordos fundamentais para definir a política no âmbito nacional, que resultarão no direcionamento de gestões municipais. Daí a importância dessas eleições, pelo fato de estabelecerem a estrutura inicial na qual se assentam os destinos do País.

E não é apenas isso: a partir das gestões municipais é que conceito de cidadania se fortalece, por meio de ações nas quais o eleitor assume o protagonismo, não somente ao votar, mas durante o cotidiano, exigindo o cumprimento dos pactos representados nos programas de governo dos candidatos. Assim ocorre em qualquer sociedade democrática, condição que, infelizmente, ainda está longe de ser alcançada pelos brasileiros. Um quadro que precisa ser alterado.

A democracia de fachada na qual o Brasil vai levando permite crimes como o que veio a público nessa segunda-feira (28), quando o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, aparentemente a serviço do agronegócio e da especulação imobiliária, revogou resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que asseguravam a preservação ambiental em todo o país, duas delas referentes à proteção de áreas de vegetação nativa, como manguezais e restingas.

Segue passando a boiada, como ele mesmo afirmou em abril passado, frase configurada na destruição do Pantanal e de parte da Amazônia. Dos parlamentares do Espírito Santo, levantou-se uma única voz, a do senador Fabiano Contarato (Rede), que prometeu entrar com ação popular na Justiça Federal pedindo a anulação da decisão. Os outros dois senadores, Rose de Freitas (sem partido) e Marcos do Val (Podemos) permanecem em silêncio, bem como a maioria dos 10 deputados federais. Dos prefeitos, embora sejam gestores de municípios com áreas com restinga e manguezais, nem um pio.

Como se não bastasse, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenta sequestrar o dinheiro do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para bancar o programa Bolsa Família, transformado em Renda Cidadã. Mais uma vez, poucas são as vozes contrárias que se ouvem no Espírito Santo, entre parlamentares, prefeitos, vereadores e candidatos a esses cargos.
Questões locais, como melhoria no atendimento na área de saúde, por exemplo, estão diretamente relacionadas a políticas públicas de âmbito nacional, nesse caso o Sistema Único de Saúde (SUS), que resiste ao programa de desmonte do governo federal e apresenta excelente desempenho no combate à pandemia da Covid-19. Comprova, na prática, que de fato presta serviço à população, salvando vidas e exercendo medicina preventiva, cujos resultados geram impactos em setores essenciais ao desenvolvimento nacional.

Transporte público, segurança, educação, entre outras áreas, estão atreladas ao governo central, especialmente quanto à disponibilidade de recursos financeiros. No cenário atual, com a economia em frangalhos, a inflação às portas – basta olhar o preço dos alimentos, dos combustíveis, a redução de salários, mais desemprego -, o dólar a quase R$ 6, o Estado é atingido pela desativação de unidades da Petrobras, como parte da entrega de valiosos ativos nacionais a potências estrangeiras. 


São temas que não podem ser colocados de lado. É necessário um debate com a sociedade, à qual é aberta mais uma vez a oportunidade de participar das decisões. Candidatos ligados ao chamado “Centrão” e a outras alas da extrema direita atuantes Câmara dos Deputados, formadas por empresários da fé cristã que se dizem evangélicos, mais o pessoal do agronegócio e lobistas, têm seus representantes nas eleições municipais. A estes, o debate em torno dessas questões não interessam, pois, na realidade, agem para deixar tudo como está.

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