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O trem do ano seguinte

Mais para uns poucos, pouco para muitos… tudo na Terra é assim!

Parece que foi ontem, ou talvez no mês passado, mas o ano da graça de 2024 esgotou sua data de validade e parte sem lágrimas e sem remorsos, conhecendo bem sua sina de reinar apenas 366 dias. Deu sorte, ganhou mais um dia! “Mesmo assim, preciso de um tempinho extra, nem terminei ainda…” Não adianta chorar nem chantagear: à meia-noite do dia 31 de dezembro, com chuva ou calor de verão, Cinderela tem que sair do baile. Adeus, Ano Velho!

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Bem vindo, Ano Novo! Imagina se nós, humanos, inumanos, desumanos, tivéssemos a mesma sina: saber o dia e a hora em que nosso relógio biológico vai parar seu metódico tic-tac! Segue seu destino, meu anjo, sabendo que na sola do pé direito está marcada a data do seu retorno. Vai em paz, chorando ao nascer porque aqui é muito melhor que lá. Quem determina a data de cada um, e baseado em quê? Talvez um sorteio aleatório, sem discriminações ou preferências. Mais para uns poucos, pouco para muitos… tudo na Terra é assim.

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O bebê chora ao nascer:  Só ganhei dez anos? Não vou ter tempo nem de… Quando acaba não tem vacina nem antibiótico que resolva: Sonhos não realizados, projetos inacabados, oportunidades desperdiçadas? Joga no lixo! Não reclame, você já sabia. Sim, todos sabem, mas preferem esquecer. O apaixonado: Casa comigo? A realista: Qual é sua data? Não caso com quem vai morrer cedo. Dá muito trabalho começar outro relacionamento. Melhor seria se a gente não soubesse!

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Imagina o empregador avaliando o currículo de um candidato… Os empregos não seriam definidos por qualidade, talento, ou responsabilidade: pega a vaga quem tem mais tempo de vida. Mesmo assim, não teríamos como contornar o velho esquema de privilégios: entra quem tem o melhor padrinho ou uma boa conta bancária. Quem tem padrinho não morre pagão, diz o sacristão. Pelo bem da empresa, não podemos investir em quem morre cedo: são quatro anos de faculdade, mais três de mestrado, dois de doutorado, sem falar nas especializações, se vai morrer no ano seguinte. Talento não conta? Dedicação, amor ao ofício?

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Morreu tá morrido, com ou sem vocação para manobreiro de guindaste. Sem data marcada para desmontar a barraca. Há ainda a questão dos descendentes, órfãos em tenra idade… Pra ficar tão pouco seria melhor nem ter vindo. Preciso de quem cuide de mim na velhice, já que vou viver cem… Você ganhou cem anos? Não, vou viver sem tostão no bolso. Melhor ter vida curta com muito dinheiro ou vida longa no salário mínimo? 

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Chegamos, pois, ao final do ano que não volta mais. Na festa da virada uma porta se fecha e outra se escancara, dando passagem para mais 365 dias de lutas e conquistas, avanços e possibilidades. Entre nesse trem de braços abertos, com festas e fogos de artifício – a passagem é um presente que muitos disputaram e poucos receberam. Se possível, abra uma garrafa de champanhe, mas cerveja também combina. Iniciamos essa viagem de olhos vedados, e a estação final para cada um quem determina é Deus. Feliz 2025!

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