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O X da questão

Em novembro de 1904, início do período republicano no Brasil, a cidade do Rio de Janeiro foi palco de revoltas populares. O motivo que desencadeou isso foi, por incrível que pareça, uma campanha de vacinação contra varíola.

A revolta da vacina, como ficou conhecida, se deu porque o governo impôs a vacinação obrigatória. O objetivo era nobre, mas foi aplicada de forma autoritária e, na maioria das vezes, violenta. Os agentes sanitários chegaram a invadir as casas e vacinar as pessoas à força.

Passados 111 anos da revolta, é possível fazer um paralelo com os acontecimentos da última semana no Espírito Santo. O projeto Escola Viva, que deveria ser a menina dos olhos do governo Paulo Hartung (PMDB), foi aprovado na Assembleia Legislativa, mas saiu do legislativo com o selo da falta de debate e do autoritarismo palaciano.

Não é difícil encontrar gente nas redes sociais questionando, mas qual o problema do Escola Viva? Se o governo quer oferecer uma escola de qualidade, em tempo integral para os alunos, o que pode haver de errado nisso?

Muita coisa. Mas vamos nos concentrar na forma como o projeto está sendo implantado no Estado. Embora a comunidade escolar tivesse protestado, apontado uma série de questionamentos, indicado emendas ao projeto, tudo foi ignorado, passado por cima, tratorado. O problema é que não estamos em 1904 e, sim, em 2015. Não cabe mais esse tipo de ação.

E o pior, a ação do governo coloca a juventude em uma situação muito ruim. Dá a impressão de que os alunos não querem estudar. Isso não é verdade. Se fosse, eles não estariam na Assembleia denunciando os problemas de suas escolas.

Essa política antidemocrática, de apresentação de fórmulas mágicas, além de fora de tempo, causa desconfiança. A pressão do governo para aprovar o projeto, antes da discussão do Plano Estadual de Educação (PEE), deixa muitas pontas soltas nesse novelo.

 

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