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Os demônios de Majeski

Por enquanto, minha visão do processo eleitoral de 2018 continua a mesma, ou seja, pelas movimentações atuais do governador Paulo Hartung, da senadora Rose de Freitas (ambos do PMDB) e do ex-governador Renato Casagrande (PSB), vai sendo desenhado um cenário povoado por políticos tradicionais na disputa ao Palácio Anchieta.
 
Venho cultivando aqui neste espaço a hipótese de o deputado Sergio Majeski (PSDB) surgir no horizonte para trazer para a disputa o contraditório, o novo, abrindo verdadeiramente ao eleitor uma alternativa “aos mesmos”, que começa a se consolidar.
 
Pela natureza do jornalismo, falo diariamente com fontes de vários pontos deste Estado. Nos últimos meses, muitas dessas fontes, sobretudo as do interior, têm me perguntado sobre Majeski. Essa curiosidade surge porque há uma expectativa do eleitorado em torno de uma candidatura do deputado ao governo. 
 
De outro lado, Sergio Majeski parece não estar em sintonia com essa expectativa. Ele resiste em se posicionar como candidato. Ao contrário, se tranca em si mesmo e quando se manifesta, muitas vezes, fecha portas.  
 
O deputado vem se destacando neste primeiro mandato por fazer um trabalho parlamentar exemplar, especialmente nas pautas ligadas à educação. Politicamente, ele assumiu com êxito o papel de oposição ao governo na Assembleia desde o início da legislatura. Só mais recentemente, mais por circunstância, outros deputados passaram a lhe fazer companhia. Mas apesar do bom desempenho parlamentar, acho que Majeski está deixando de montar no cavalo qiue passa selado à sua frente. Ensina o ditado que ele não costuma passar outras vezes. 
 
Entendo que ele viva um conflito entre se manter fiel à imagem que construiu, fazendo da coerência um dos seus princípios, e a necessidade de transigir para poder conquistar um lugar na mesa central do jogo político – aquela que decide. O desafio justamente é fazer política com P maiúsculo neste ambiente insalubre. 
 
Às vezes vejo semelhanças entre Majeski e João Calmon, que se notabilizou como deputado federal e senador, sobretudo, pelo importante trabalho que fez pela educação. Mas Calmon acabou fazendo uma trajetória política restrita, deixando a sensação que poderia ter ido mais longe. 
 
Se Majeski escolher esse mesmo caminho, acho que deixa escapar uma oportunidade única. O momento político é favorável para o deputado dar passos mais ousados. Majeski conquistou legitimamente o espaço de oposição ao governo Hartung na Assembleia; é a única liderança hoje com o “selo do novo”, e esse perfil já é reconhecido hoje por parte do eleitorado. Majeski é reconhecido não como o “novo” no sentido oportunista e marqueteiro do termo, mas como o “novo” que mostrou pelo seu mandato que é possível fazer um novo tipo de política. 
 
Sem contar que hoje, dentro do PSDB, há um grupo cada vez maior que defende o distanciamento do Palácio Anchieta e o lançamento de candidatura própria ao governo. Dentro desse grupo que quer ver o candidato na disputa majoritária há lideranças de peso, como Luiz Paulo de Vellozo Lucas.
 
Mesmo que Sergio Majeski decida não disputar o governo, continuará sofrendo pressão de outras lideranças que vão cobrar seu apoio. Na eleição de 2016, Majeski chegou a ser cogitado para disputar a prefeitura de Vitória. Acabou não disputando, mas subiu no palanque de Luciano Rezende (PPS), em Vitória, e no de Audifax Barcelos (Rede), na Serra. E agora? Vai subiria no palanque de Rose, de Casagrande? Essas companhias também não poderiam manchar sua imagem?
 
Quando decidiu se candidatar a deputado estadual, Majeski deveria ter percebido que a realidade da política é esta que está aí. As mudanças para melhorar a política terão que sair da própria política. Esse é sem dúvida um caminho árduo e difícil. Mas ninguém disse que seria fácil.
 
Sergio Majeski é hoje uma liderança capaz de “bagunçar” o tabuleiro político que vem sendo armado, peça a peça, por PH, que torce para que o deputado não entre na disputa majoritária. 
 
Talvez o maior aliado de PH nessa torcida seja o próprio conflito de Majeski com a política. Às vezes sinto que ele está imobilizado pela própria camisa de força que criou, que tem como uma das principais amarras essa qualidade rara na política que é a coerência. 
 
Mas enquanto Majeski enfrenta seus demônios, o espaço no campo político segue aberto. E há uma regra básica em política: os espaços nunca ficam vazios.

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