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Os influenciáveis

Essa mesma lavagem cerebral nos torna obedientes seguidores virtuais: viramos robôs

Na vasta lista dos famosos foi recentemente incluída uma nova casta: os influenciadores – pessoas que fazem de tudo para fazermos o que eles dizem que fazem. Alcançando um expressivo número de seguidores na Internet, eles se tornam formadores de opinião – uma casta privilegiada. Preciso comprar um xampu e a grande variedade de produtos nas prateleiras lotadas me confunde: qual desses é melhor para meu tipo de cabelo e para meu bolso? Fico o dia todo analisando cada um deles ou compro o xampu que aquela linda jovem de cabelos tipo Gisele Bundchen sugeriu nas redes sociais?

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A influência dos influenciadores vai muito além dessas utilidades corriqueiras, afetando nosso estilo de vida, nossas convicções políticas e religiosas, com quem nos relacionamos, o que sentimos, comemos e vestimos, onde ir e não ir, o que fazer ou deixar de fazer, que amizades cultivar, que tipo de relacionamentos me convêm, que tipo de pessoa quero ser. Convenhamos, é muita responsabilidade, principalmente para os que lidam com jovens. Portanto, espera-se que um influenciador aja com consciência, conhecimento de causa e autenticidade ao tentar me influenciar. Ou não…

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Segundo recente pesquisa, 70% dos usuários do Instagram seguem as “sugestões” de influenciadores da rede. Outros 55% confessaram já ter comprado algum produto indicado por eles. No outro lado da telinha, 99% dos influenciadores garantem que são 100% confiáveis, só indicam o que conhecem e confiam. Faça o que eu digo e você vai ser tão linda quanto eu. Use o que eu uso e você vai ter o mesmo sucesso que eu consegui. Amiga, vou lhe contar meu segredo…

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A arte de influenciar pessoas não é tão nova assim. Já vimos hipnotizadores no circo ou no teatro: o voluntário sobe ao palco e o mago, geralmente vestido de mago, o faz dormir e obedecer a seus comandos – põe a mão direita na orelha esquerda, dança uma valsa, canta uma cantiga de roda…o adormecido obedece e a plateia delira. Outro voluntário? Essa mesma lavagem cerebral nos torna obedientes seguidores virtuais: viramos robôs.

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Os comerciais da mídia profissionalizada já fazem isso há muito tempo. Compre o último lançamento da Che-Hon-For-Hyu, etc. que acabou de chegar nas concessionárias. Propaganda enganosa? Só saberemos depois da compra. O novo ofício de influenciar pessoas é faca de dois gumes, influenciando também os influenciadores. Não basta ser bom, tem que ser o melhor, não basta ser bonito, tem que ser maravilhoso, e o modelo é copiado por todos – plástica e malhação intensa para ficarem todos iguais: corpo magérrimo, pele e cabelos perfeitos. Claro que existem exceções, mas quais e quando?

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Acreditar que um influenciador só divulga produtos que usa é o mesmo que acreditar que os artistas de um filme viveram de fato aquela experiência. Ou que o ator dirigindo o último lançamento da Fiat no comercial da TV tem aquele carro na garagem. Se eu só uso o Creme Pele Perfeita, mas o Creme Divina Pele me paga muito mais pelo marketing, qual deles eu vou divulgar na minha plataforma? Se uso o Creme Divina Pele, porque a lindinha na tela disse que usa, sou uma influenciável? Sou, mas quem não é?

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