O resultado democrático das eleições aponta caminhos de uma economia que inclua os pobres no orçamento público
Numa visão de futuro, para a construção de uma democracia com a participação popular, a vitória do campo democrático progressista, nas eleições de 2022, a renovação do Congresso Nacional, dos governos e assembleias estaduais, pode ser entendida como um fato histórico na luta política das classes populares, da bolsa família versus a elite econômica da bolsa de valores.
Precisamos observar que a redução de benefícios para a elite da Faria Lima, o pessoal da bolsa de valores, não coloca nenhum deles em risco de passar fome, porém a redução no benefício do bolsa família, coloca 33 milhões de brasileiros em situação de fome e miséria.
A vitória da democracia brasileira supera uma crise da democracia internacional e dos direitos humanos. Aqui no Brasil os democratas derrotaram o governo de extrema direita fascista com ligações internacionais que buscava interferir em toda a América Latina.
A eleição de um governo democrata de centro esquerda no Brasil configura-se como um fato histórico porque muito mais que uma eleição de um novo governo, estava em jogo os rumos de nosso país e da nossa democracia, pois havia uma compreensão dos cidadãos que a manutenção daquele governo colocaria em risco de extinção a nossa frágil democracia e pavimentaria a estrada que corria em direção da construção de um regime fascista em nossa sociedade.
Foi essa compreensão que fortaleceu a histórica capacidade de organização e luta das instituições civis e dos agrupamentos políticos de centro-esquerda para evitar a tragédia do atraso político da sociedade brasileira, e foram os setores mais discriminados da população, entre eles, os negros, as mulheres, os nordestinos, os povos originários, os movimentos LGBTQIA+ que assumiram as lutas em defesa da democracia e o enfrentamento ao fascismo que decidiram a formação da maioria para eleger um governo amplo de centro esquerda e democrático.
Enquanto no outro lado estavam os representantes do agronegócio, dos financistas, dos empresários da grande indústria, do grande comércio, da classe média alta com uma maioria de homens patriarcais, conservadores de uma falsa moral e destruidores da natureza, do meio ambiente e várias formas de vida.
Felizmente para o país e para nossa sociedade responsável, saíram vencedoras as forças democráticas e populares com uma base eleitoral amplamente majoritária com uma campanha contra a violência, pela vida, pelo respeito ao ser humano e a toda forma de vida, com um programa de um governo para todos, respeitando as diferenças e tratando as divergências com diálogo em busca de governo democrático e popular que inclua todos no orçamento público, principalmente quem mais precisa.
A nossa coalizão democrática de centro esquerda recebeu apoio dos principais governos dos países democratas do mundo, numa visão de futuro da necessidade mundial de enfrentamento e combate às forças políticas de orientação fascista que se mobiliza em torno de políticas de ódio.
Importante compreender que este resultado democrático das eleições aponta caminhos de uma economia que inclua os pobres no orçamento público e o fortalecimento da nossa democracia com mais participação popular nas decisões econômicas e políticas.
Não podemos nos iludir com o resultado eleitoral, vencemos as eleições, porém os representantes da extrema direita conservadora e fascista continuam atuando em nossa sociedade com seus representantes no grande agronegócio, nos grandes bancos, nas federações de indústrias e comércio e muitas outras organizações.
Este pensamento político com uma concepção individualista de mundo, egoísta, acumuladora, com valores patriarcais, antissocialistas, contra todos os valores progressistas e sociais, claramente com tendências fascistas, também têm bases populares com influências familiares, religiosas, militares que reproduzem a cultura de dominação brutal, racistas, predatórias, que os democratas lutam há muitas décadas para superar este atraso.
Nesse processo de lutas políticas para superar o atraso, a barbárie durará algum tempo até que consigamos avançar para uma cultura democrática popular e participativa para todos, e para isso precisamos defender as instituições democráticas.
O combate à cultura do ódio e a defesa da paz, como um valor para os democratas de centro-esquerda, tem um sentido muito profundo e caro para todos, pois precisamos pensar que nossa sociedade tão desigual, produz com isso uma violência estrutural em sua história, por isso a cultura da paz deve ser um valor para quem busca uma nova política social de igualdade em nossa sociedade. A cultura da violência reproduz a desigualdade estrutural, é necessário que um governo democrático com participação popular ataque as raízes das desigualdades sociais no Brasil.
Existe em nossa sociedade uma histórica consciência antirracista cada dia mais elevada e uma crescente consciência feminista, que são fundamentais para o enfrentamento da cultura do ódio e a construção de uma justiça social, tão necessária.
Rousseau, (28/junho/1712; Genebra, Suíça – 02/ julho/1778; Ermenonville, França.) nos ensinou que, sem justiça, a paz é ilegítima. Que a paz precisa caminhar com a justiça social.
É nossa responsabilidade fortalecer a democracia com a participação da ampla maioria que resistiu aos ataques duríssimos à nossa de democracia e suas instituições. Toda a cidadania para o povo; nada para os cidadãos e cidadãs sem a participação do povo. Democracia sempre mais.