Nem mesmo os mais otimistas dos tucanos devem nutrir, a essa altura, alguma expectativa de o deputado estadual Sergio Majeski permanecer no partido para emplacar seu projeto político de 2018. A relação, que já vinha capenga, desandou de vez com as filiações na “surdina” que vieram à tona nessa quarta-feira (4), concretizadas pelo vice-governador César Colnago. Tudo na surpresa e imposição, batizando como novatos no ninho, o secretário de Estado de Agricultura, Octaciano Neto, e o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES), Ênio Bergoli. O primeiro para a disputa à Câmara dos Deputados, o outro à Assembleia Legislativa. Das reações internas contra a atitude de Colnago, a de Majeski foi uma das mais incisivas, gerando inclusive arestas com o próprio Octaciano. Troca de farpas, ameaça de processos judiciais, o clima no PSDB ficou pior do que estava. E não poderia ser diferente, tratando-se do deputado. A manobra de Colnago deixou à mostra, de forma escancarada, a digital do governador Paulo Hartung, que tem em Majeski sua única oposição declarada – e qualificada. A filiação de aliados de Hartung é mais um passo na estratégia de manter o PSDB sob seu controle na eleição do próximo ano, quando deverá disputar a reeleição. Da maneira como foi arquitetada, impediu qualquer reação que pudesse atrapalhar os planos palacianos, como ocorreu no passado, com os deputados estaduais Erick Musso e Gildevan Fernandes, que acabaram no PMDB. Ao mesmo tempo, reforça no partido o lado alinhado ao governo, que divide poder de fogo com o grupo que defende a permanência de Majeski para voos altos. Piora a situação, a proximidade com o processo eleitoral do PSDB, quando Colnago defendia chapa de consenso entre ele e o prefeito de Vila Velha, Max Filho. Ao contrário do discurso apaziguador do vice, as decisões partidárias estão longe de serem democráticas, e há, sim, alinhamento automático com o governo. Colnago já está no comando do ninho tucano, antes de ser. Pior que está, fica!
Loteado
Com as filiações de Octaciano e Ênio, aumenta a lista de tucanos no governo do Estado, ninguém indicado pelo PSDB. Além dos novos tucanos e de Colnago, o secretário de Ciência e Tecnologia, Vandinho Leite; o secretário de Transportes, Paulo Ruy; e o recém-empossado na pasta de Turismo, Nerleo Caus.
Quem dá mais?
Aberta, mais do que nunca, a mesa de negociação dos partidos no Estado para assediar Majeski.
Tudo dominado
Pelas declarações de Hartung em mais uma palestra para empresários nessa quarta-feira (4), desta vez em Vitória, a Samarco/Vale-BHP já deve ter em mãos as licenças ambientais para voltar a operar. Embora a mineradora tenha tentado insistentemente este ano garantir a volta de suas operações, sem sucesso, o governador não coloca mais a possibilidade no condicional. “Temos a retomada da Samarco”, garantiu em tom de comemoração.
Tudo dominado II
Em outro oba-oba, nesta quinta (5), o governador fechou mais uma daquelas parcerias questionáveis com a Vale e a Universidade Federal do Estado (Ufes). O protocolo de intenções trata da implantação de um Centro de Estudos Climáticos Avançados do Espírito Santo. Muito confete, discurso, mas o valor desse “acordão”…nada!
Tudo dominado III
Agora, imagina! A Vale, responsável junto com a ArcelorMittal pelos elevados índices de emissões de poluentes no ar da Grande Vitória, vai colocar uma bolada num Centro de pesquisas para avaliar os impactos das mudanças climáticas no Estado, dos quais sua própria atividade contribuiu em potencial. “Tá” certinho…
Tudo dominado IV
Para completar a semana dedicada aos parceiros de longa data, Hartung também recebeu no Palácio Anchieta os empresários capixabas da Bertek, Imetame e Vipetro, que venceram o leilão de blocos de exploração de petróleo e gás natural. No dia que ocorreu a 14ª Rodada de Licitação, Hartung estava no exterior e perdeu a festa no Rio de Janeiro, para onde enviou uma torcida organizada. De volta ao Estado, correu para fazer o gracejo habitual.
Nas ruas
Em Jardim Camburi, reduto eleitoral do “supersecretário” de Vitória, Fabrício Gandini (PPS), não há a menor dúvida de que ele será candidato à Assembleia Legislativa, e não à Câmara dos Deputados. A estratégia do prefeito Luciano Rezende (PPS) seria, inclusive, de fazer dele o campeão de votos, como ocorreu na disputa de vereador. Não à toa, um batalhão de comissionados já estaria a postos. Até a eleição de 2018, é missão Gandini.
Estoque
Por falar em Luciano, o prefeito liberou a compra de munição calibres 38 e 380 e armas de choque elétrico para uso da Guarda Civil Municipal. Sem licitação e – respectivamente – pelo valor de R$ 45 mil para a Companhia Brasileira de Cartuchos e R$ 298,9 mil para a Condor S/A Indústria Química. E as viaturas, caindo aos pedaços ainda?
Nas redes
“(…) Quando o governo não é real, o salário mínimo segue a mesma linha. Lamentavelmente, o aumento no salário mínimo para 2018 será bem abaixo do que é previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias do próximo ano. Não haverá, portanto, ganho real para os milhões de brasileiros que têm seu rendimento fixado no mínimo (…). (Deputado federal Givaldo Vieira – PT – no Facebook).
PENSAMENTO:
“O homem é o princípio das ações”. Aristóteles