Está cada vez mais claro para o mercado político que o assédio do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), para tentar levar o governador Paulo Hartung para seu partido, nada mais era do que uma represália ao presidente Michel Temer (PMDB), que vem tentando atrapalhar a articulação do demista com dissidentes do PSB.
Temer se reuniu com lideranças socialistas que estavam em negociação para aumentar a bancada do DEM e o presidente da Câmara tenta arrancar um governador do PMDB. Quem diria, que o governador Paulo Hartung, que sempre foi visto no Espírito Santo como o grande jogador que dispunha as peças no tabuleiro político de acordo com seu interesse, e descartava as que não lhe interessavam mais, se transformaria em um mero peão no jogo político nacional.
Hartung nunca gostou de ouvir que o Espírito Santo é um estado pequeno no jogo político. Embora esteja no Sudeste, seus vizinhos mais próximos, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, tem um peso político muito maior que o Espírito Santo no cenário nacional. Até pelo eleitorado. Mas Hartung acreditou, ou tenta fazer o mercado político capixaba acreditar que é possível, sim, uma movimentação junto aos caciques da política nacional.
Para tentar se inserir, Hartung criou um fato político forte. Vendeu a ideia de que recebeu um estado quebrado, e que graças a uma política moderna, de austeridade, estado mínimo e de valorização das parcerias público privadas, conseguiu evitar que o Espírito Santo se transformasse em um Rio de Janeiro.
Seu castelo de cartas foi desmontado em fevereiro com uma crise sem precedente na Polícia Militar do Espírito Santo, sucedida de um escândalo com o envolvimento do nome do governador em uma lista de autoridades que teriam sido beneficiadas com recursos da Odebrecht, ou seja, operação Lava Jato.
Mas Hartung não é um político de ser barrado pela Justiça, e logo encontrou um jeito de se livrar da denúncia e conseguir voltar ao cenário nacional, retomando do ponto em que parou. Novamente ele joga com os holofotes e se credencia a tudo, vice-presidente, governador de estado alheio, presidente, mas na verdade, o que Hartung quer, é fazer com que essa projeção de sua imagem reflita para dentro do Estado.
Embora seus aliados digam que ele faz o que quiser no Espírito Santo, não é bem assim. A vela de Hartung está se apagando e ele pode ir para uma complicada disputa à reeleição. Ainda mais se ele realmente tiver pela frente a versátil senadora Rose de Freitas (PMDB), que já é experimentada no assunto Paulo Hartung e consegue sobreviver a ele desde 2002, coisa que muito pouca gente, quase ninguém, conseguiu. Pode ser uma briga boa, mas é dicil saber se as manobras do governador vão surtir o mesmo efeito de antes.