Segunda, 13 Mai 2024

Romance moderno

Como nas histórias de amor que vemos nos filmes, Jô e Jê se conheceram no casamento da Gilda. Seria um grande evento, mas caiu o maior temporal e os dois ficaram presos em um hotelzinho de beira de estrada porque o ônibus quebrou, a estrada ficou intransitável, e eles tiveram que esperar um tempão para alguém ir buscá-los. Eram os únicos passageiros e o chofer se mandou, sem dizer para onde.

*

E foi antipatia à primeira vista - Como tiveram que esperar na única sala do hotel, Jô queria fechar a porta, e Jê queria a porta aberta. Ele: Esse vento me incomoda, estou um pouco resfriado. Ela: Esse ar parado me faz mal, tapetes me dão alergia. - Então não devia ter vindo, se tapetes a incomodam, pois nunca se sabe se os cômodos têm tapetes. - Você é que não deveria ter vindo, gripado e transmitindo o vírus para os outros convidados.

*

Ele: Eu sei disso, mas não poderia deixar de vir, porque o noivo é meu melhor amigo. - E a noiva é minha prima, mais importante ainda, e se me desculpa a franqueza, seu traje não está apropriado para a ocasião. Tênis com terno e gravata? Francamente! - Isso é cool, um detalhe inusitado para quebrar a rigidez da etiqueta, mas já que está sendo tão franca, devo avisar que seu penteado está ridículo. Procure um bom salão para fazerem um penteado mais bonito.

*

Ela: Sujeito grosseiro! Por acaso você sabe o que está na moda, com esse corte escovinha que os homens usavam em 1920? - Pois saiba, garota, que essa é a última moda em Dubai, e o nome é Bha-gash. - É isso, quem segue a moda de Dubai é machista e se pudesse vestia as mulheres com burcas. -Um traje que lhe ficaria muito melhor do que esse vestido mostrando mais do que devia. Vamos a um casamento, não a uma boate.

*

Nesse momento o telefone da prima vibra, deu linha! A noiva em pessoa está chamando: E aí, vocês estão bem? - Tudo ótimo, os dois respondem juntos. Estamos nos conhecendo melhor. - Ah, que bom, quem sabe esse incidente desagradável acaba em romance? - O quê? Os dois reagem juntos. Ela: Não exagera, prima. Ele: Olha, amiga, estou sozinho mas não desesperado. A noiva ri no telefone, A vida é muito engraçada e a gente nunca sabe o que ela nos apronta. Aproveitem a companhia um do outro que o socorro vai demorar um pouco.

*
A noiva desliga sem mais explicações e os dois se encaram, cada vez mais irritados um com o outro. Atchim! Os dois espirram juntos. Ela abre a porta; ele fecha a porta. Essa não! Os dois exclamam juntos e dão três batidinhas na madeira da mesa - simpatia muito usada antigamente, quando duas pessoas falam a mesma coisa ao mesmo tempo. Ela: Isso é do tempo da minha avó. - Dá azar falarmos juntos a mesma coisa. - Que tipo de azar? -Quer azar pior do que estar isolado neste fim de mundo com uma pessoa como você?

*

Ela: O que quer dizer com uma pessoa como eu? - Não é melhor a gente ignorar a presença um do outro? - Vi logo que é um sujeito grosseiro, sem tato para conviver com as mulheres. Aposto que está sozinho. - Pior, estou com você. - Eu disse sozinho na vida, sem um relacionamento afetivo. - Não estou sozinho, estou entre relacionamentos, é diferente, mas você também veio sozinha ao casamento da sua prima, portanto...- É porque sou exigente, não me envolvo com qualquer um. - Você nunca terá um relacionamento com uma pessoa como eu.
*

Ela: Faz o favor de fechar a porta? Ele fechou, e os dois se atracaram. Não foi uma briga, apenas um beijo, mas cheio de boas intenções. Mesmo sem uma bola de cristal, o noivo e a noiva sabiam o que ia acontecer. E enquanto aguardam a hora de entrar na igreja, o noivo e a noiva comemoram - Deu certo, eles estão se beijando!

Veja mais notícias sobre Colunas.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Segunda, 13 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/