A verdade, essa musa distraída, nem sempre prevalece
A história foi escrita pelos vencedores, disse Winston Churchill. Disse, mas não inventou. Churchil citou-a em algum discurso e levou a fama. Outro acusado de ter cunhado a famosa frase é Hermann Göring, alemão das falanges de Hitler. Na verdade, nem um nem outro, e esperamos os historiadores chegarem a um acordo sobre o verdadeiro autor para divulgar em primeira mão nessa coluna.
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Melhor se tivessem dito, Não acreditem nos livros de história, onde tudo é mentira. A verdade, essa musa distraída, nem sempre prevalece. Estão aí as fake news, que não me deixam mentir. Embora muito exploradas ultimamente, elas existem desde que o Brucutu deparou com um leão morto e levou pra casa, gritando: Matei com minhas próprias mãos. Virou herói e foi eleito Chefe de caça, sem nunca ter caçado.
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No famoso julgamento das feiticeiras de Salem, em Massachusetts (1692 e 1693), centenas de pessoas foram queimadas vivas em praça pública. Na verdade, 200 pessoas foram acusadas de feitiçaria, não apenas mulheres mas também mendigos, idosos, e até uma menina de 4 anos. A maioria foi para a cadeia e alguns poucos foram enforcados. Ninguém foi queimado vivo.
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Cristóvão Colombo não foi o primeiro a pisar nas Américas. O explorador norueguês Leif Erikson andou por aqui 500 anos antes. O tempo passou e todos esqueceram – já se diz que o povo tem memória curta, principalmente em tempo de eleições. Maria Antonieta não mandou o povo comer brioches. Jean Jacques Rousset disse que “uma princesa” disse, sem citar nome ou número de celular. Mas os franceses não gostavam da austríaca.
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O Ford Modelo T do Henry Ford não foi o primeiro carro a rodar pelas highways do mundo. Em 1886, o engenheiro Karl Benz criou o primeiro automóvel movido a gasolina e produzido em massa. Benz é considerado o pai da indústria automobilística. O nome Mercedes não foi uma homenagem à filha dele, mas a de seu sócio, Emil Jellinek. Outra notícia falsa.
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Muitas frases ‘famosas’ são atribuídas a famosos que nada disseram, muitos feitos atribuídos a quem nada fez. Mas como a política poderia sobreviver sem fake news? Nós, leitores/eleitores incautos, vivemos à mercê dos semeadores de vento, mas não inventaram ainda um instrumento que possa separar o joio do trigo. Como assim, já inventaram? Fake news!