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Tendências

Só de olhar para as fotos a gente já via que as coisas não iam acabar bem

Fácil seria a vida se o mundo fosse todo igual… melhor seria o mundo se a vida fosse toda igual. Não haveria o estranho hábito de superlotar os guarda-roupas com caríssimos exemplares dos estilos e tendências de cada estação – um único tipo e cor de tecido, um só modelo de sapato, unificando e condensando tudo que usamos constantemente. Os mais apressados dirão que a indústria da moda não existiria – e sem ela quanto perderia a economia global?

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Vestir a humanidade custa googles de dinheiro – dos requintados salões da alta costura até os quartos acanhados das costureirinhas de subúrbio, que ainda resistem. Não tem linha que remende a vaidade humana. O segundo produto mais transportado, entregue, devolvido pela Amazon é o do vestuário – roupas, bolsas, sapatos, perfumes, bijuterias, etc. etc. Mulher alguma reclama do aumento na poluição ambiental depois que os caminhões cinzentos da Amazon começaram a circular.

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A criatura humana se envolve em tendências e modismos, o mundo é um caleidoscópio. O próximo tom da moda? Cor de burro quando foge. O céu pode ser azul, mas quantas cores tem o amanhecer? Ou o anoitecer? O mar pode não estar pra peixes, mas quantos verdes tem o mar? Põe tudo isso na paleta dos estilistas. Tem muita garota que casa só para vestir ‘aquele’ vestido branco. Como uma nuvem no céu, quem não se sente uma princesa de contos de fadas?

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Já disse um filósofo, o casamento é um conto de fadas ao contrário: primeiro o vestido e o baile, depois o fogão e os esfregões. Os vestidos de casamento, aliás, são mais que um emaranhado de tecidos e pedrarias – indicam status, poder, cultura. O vestido de casamento da Rainha Elizabeth custou 230 mil Reais. De seda chinesa, o véu media 4,5 metros. Isso em tempos pós-guerra, mas era preciso manter a moral do país gravemente abalada. O vestido da Lady Di, em tempos melhores, custou R$ 1,2 milhão. Só de olhar para as fotos a gente já via que as coisas não iam acabar bem – os estilistas deveriam ter sido condenados às galés. O vestido da Kate, com muito estilo, custou 450 mil dólares.

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Seguindo essa escalada, quanto vai custar o vestido da Charllote, filha do futuro rei? Quem for convidado que faça as contas e analise os estilos. A moda é um vulcão em constante ebulição: as tendências se sucedem sem respeitar as nuances políticas, as cabeças coroadas ou as hierarquias. Ontem o azul era o pretinho básico, anteontem os ombros eram estruturados, hoje a renda virou vestido de feira. Ou de freira. Os chapéus ainda se impõem em algumas cabeças privilegiadas, mas deixaram de ser obrigatórios.

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Um dos produtos mais cobiçados nos tempestuosos anos da Segunda Grande Guerra não era o pão nem o sabonete, mas as meias de nylon. Com a costura atrás, que devia ser bem alinhada. Os fios “corriam” com tanta facilidade que era preciso ‘calçar’ luvas para calçar as meias. Caras e escassas, eram obrigatórias nas pernas das elegantes da época. Agora me diga, por que as meias de nylon eram produto básico em tempos de racionamento? Porque a moda nos domina sem respeitar tempo bom ou chuva forte. Triste seria o mundo se a vida não fosse como um raio de sol brilhando no céu azul.

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