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Um Cachoeiro morno só na política

Ando meio sumido deste Século Diário. Volto com uma superficial análise das futuras eleições para prefeito de Cachoeiro de Itapemirim. Antes, é preciso que se diga: com habilidade, o governador Renato Casagrande está fazendo de tudo para reeleger o atual prefeito Victor Coelho (PSB). Isso não quer dizer que o prefeito esteja mal. Pelo contrário. A administração municipal ganhou fôlego de carro de fórmula um nos últimos dias. Está em todos os bairros. Ouvindo mais as pessoas. E com reforço de verbas estaduais. Diria, até, que hoje é o grande favorito. 

Outros candidatos começam a caminhar costurando apoios. Cito um exemplo: o vereador Alexandre Bastos, que está no PSB, amigo do governador Renato e colega de partido há muito mais tempo que Victor. Mas vai deixar o PSB para disputar a eleição. Tem chances? Sim. Porque é um vitorioso na política, desde que começou sua trajetória no MDB. 

Renato não deu muita importância ao descontentamento de Alexandre, confiante no momento vivido por Victor. E mais além: preferiu não disputar bola dividida. Perguntado se uma volta ao MDB seria o caminho, Alexandre diz que não descarta tal possibilidade. Candidato avulso nem pensar, já que não convém esperar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Não pode também desprezar o fundo partidário. 

O governador assiste a isso comodamente. Espera o momento certo para conversar, a fim de não criar qualquer risco à reeleição de Victor. Ou perder votos no futuro, já que Alexandre é bem votado no sul do Estado.  

Há outros candidatos que até o momento não colocaram o time em campo.  É caso da vereadora Renata Fiório (PSD), o professor Breno (Pros), o vice-prefeito Jonas Nogueira (levanta a bandeira de Bolsonaro) e o ex-prefeito Casteglione (PT). Casteglione anunciava categórico: “Se Lula deixar o presídio, entro com força na eleição”. A situação é essa na moldura da realidade. 

Uma pergunta que qualquer um faria: e o deputado Theodorico Ferraço (DEM), que lidera as pesquisas? Usa a velha e surrada tática de esperar. Está interessado mesmo na eleição de sua mulher, deputada federal Norma Ayub (Dem), em Marataízes, de olho na arrecadação dos royalties. 

Aliás, Ferraço não tem obtido êxito da transferência de votos. Ao que tudo indica, vai usar seu cacife eleitoral para negociar em nível estadual e eleger vereadores à Câmara Municipal a fim de garantir outro mandato de deputado. 

A bem da verdade, acena com apoio a Alexandre Bastos, mas não o formaliza, participando de um jogo de xadrez que não é tão imprevisível assim.  De qualquer maneira, goza de prestígio político-eleitoral na sua terra natal. Mas ficou com o DEM em suas mãos, colocando na presidência um jovem “filho da casa”. 

Nesse mesmo diapasão, há um mês, o experiente político José Tasso tentou lançar sua mulher, Márcia, no MDB. Não conseguiu êxito. Valadão ainda manda no partido.  

A sensação que se tem é que os candidatos estão ficando sem tema para alimentar os discursos e o apoio do governador vai pesar muito no pleito.  Esse é um quadro pálido do que foi no passado a disputa entre Hélio Manhães e Ferraço. Nem o show de Ivete Sangalo animaria a política em Cachoeiro, como nos velhos tempos. 

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