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​Movimento histórico delicado

O presidente Lula, a rigor, venceu o terceiro turno das eleições presidenciais

O presidente Lula, a rigor, venceu o terceiro turno das eleições presidenciais, conseguindo manter o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência do Senado. O país, num exagero retórico, parou para assistir à eleição em face da importância democrática do pleito.

Por que digo que foi um terceiro turno? Porque o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou de cabeça, de corpo e alma não só para vencer a eleição do Senado, com o senador Rogério Marinho (PL-RN), mas também para manter viva a extrema direita e seu próprio prestígio eleitoral. Aliás, seus votos, sendo mais objetivo. São muitos votos que estão esvaecendo com o fatídico dia 8 de janeiro, marcado pela história como a revolta da insensata direita no país. Quando digo extrema direita, me refiro a “um bando de desatinados” que obedecem cegamento aos impulsos fascistas do ex-presidente.

Preciso expor: o grupo ligado a Bolsonaro, formado pelo PL, PP e Republicanos, foi profundamente impactado pela reação ao vandalismo de 8 de janeiro e evitou o holofotes da última semana. O empenho de Bolsonaro, no EUA, mandando sua mulher aqui no Brasil como coordenadora, trouxe decepção, embora tenha causado emoções. Perdeu de novo para Lula. Com o resultado, Lula poderá governar, aparentemente, sem grandes empecilhos. Sobretudo, porque a vitória teve grande participação do Planalto.

É preciso dizer também que o impacto, indiretamente, atingiu o próprio Poder Judiciário. Os processos de punição, para manter a ordem, fluem com mais segurança, sem o ranço de que poderia haver punição injustas ou políticas.

O ministro Luís Roberto Barroso, afinal, observa que nos últimos tempos a vida brasileira judicializou-se extensa e profundamente em todos domínios relevantes. Nessa conjuntura, pode-se trabalhar sem pressões psicológicas. Aliás, a democracia parece voltar ao normal, no seio da população, com o escudo da segurança. Era visível o clima de garantia com a sensatez nas falas dos novos presidentes.

Não se pode relegar, porém, que o bolsonarismo não tem força. Os 32 votos obtidos pelo senador do PL extrapolaram o número de integrantes de partidos que faziam parte de sua aliança (23), contando as bancadas do PP e do Republicanos. Os 49 votos que garantiram a reeleição do atual presidente do Senado representam oito a menos do que ele obteve há quatro anos. Ora, antes da eleição, os bolsonaristas fizeram uma campanha nas redes sociais, exigindo que os senadores revelassem publicamente seus votos. Nos últimos dias, o próprio Bolsonaro se envolveu na costura política e ligou para os senadores pedindo votos.

Necessariamente, os políticos passam por momento de reflexão. Se não o fazem, deveriam fazê-lo. A dinâmica política é rápida. Lula não perdeu o compasso, enquanto Bolsonaro se debate em acenos sem correspondências pragmáticas. Político odeia a falta de poder, a não ser os ideológicos. Bolsonaro saiu perdendo e isso é motivo de muito trabalho para conquistar seu eleitorado. Com ação pragmática, Lula demonstra que aprendeu fazer, tanto que abriu espaço para governar. Trazendo o tema aqui para nosso Estado, tanto o prefeito de Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado), Victor Coelho (PSB), quanto o governador Casagrande (PSB), poderiam aproveitar os acontecimentos para lançar um olhar mais abrangente e pragmático sobre panorama político.

Tudo que se passou nessa quarta-feira (1º) exige um olhar atento dos políticos de maneira geral. As lições de Lula são valiosas. Mas não há vácuo na política, e daqui a pouco teremos eleição para prefeito. A Assembleia Legislativa, por exemplo, é formada de uma gama de futuros candidatos a prefeito. Por essa razão, cada dia o governador Casagrande terá que ficar atento aos movimentos de sístoles e diástoles, em contato direto com os prefeitos, onde pulsa o coração da política. Para tanto, é só dimensionar as profundas transformações que teremos nos próximos anos, o que já se vê pelos acontecimentos dos últimos meses.

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