sábado, novembro 23, 2024
21 C
Vitória
sábado, novembro 23, 2024
sábado, novembro 23, 2024

Leia Também:

Um passeio no tempo

Exaltação a Alegre

É teu aniversário, criança centenária, e que oferendas levarei para ofertar-te, que incensos queimarei para te cultuar? Talvez um buquê das mais singelas flores que vi pelos caminhos…mas sorrirás desdenhosa, decerto, porque não tens feito mais que dar-me flores, sempre. Nem vês a primavera, és toda floração e perfume o ano inteiro, para comprazer-me.

*

Talvez uma canção…mas qual, se sabes dedilhar a harpa do vento, cantando essa eterna cantiga de saudade que segue meus passos pelo mundo? Um beijo, então…ainda mais humilde é a oferta, se te beija diariamente esse sol purpúreo, eterno enamorado; se te beija essa lua toda prata, rendida aos teus encantos…

*

Talvez um poema… mas que poema há que suplante esse poema vivo que tu és, filha dileta da natureza? É teu aniversário e nada tenho a dar-te…quisera salpicar estrelas em teus cabelos, vestir teu corpo com as nuvens mais airosas, colorir teus dias com meus sonhos mais doces.

*

Queria dar-te o universo…e quão poucos seriam os sistemas e as galáxias, as nebulosas, os astros, o infinito insondável em eterna expansão…embora infinita, a dádiva é ainda pequena para meu afeto.

*

Se nada tenho a oferecer-te que se iguale a teus encantos, aceite a humildade do que possuo: meus sonhos e anseios, minhas ilusões, meus sorrisos – pequenas dádivas que compõem meu imenso manancial de esperança e fé. Mas se te dou os bens que aqui acumulei nada te dou, na verdade, porque te devo tudo – a ti cabem os méritos dos meus exíguos tesouros.

*

Pois paz e amor achei no teu convívio. Crescendo-brincando em tuas ruas floridas aprendi a enxergar o belo, a respeitar valores, a reconhecer grandezas. A amar o próximo e odiar injustiças, a não ter olhos de ver diferenças, porque somos todos iguais…Dou-me, então, menina caprichosa, e se os deuses já te deram todos os presentes, aceite mais esse e guarda-o contigo – como eu a guardo sempre em meu coração peregrino.

*

De volta ao presente – O texto acima foi vencedor de um concurso literário lá pelos idos de…não me lembro o ano. Prefeito: Antônio Lemos. Quinze de agosto, dia de Nossa Senhora da Penha de Alegre – dia da alegre cidade vicejando formosa entre verdes montes, eternas sentinelas preservando minhas saudades.

*

Fecho os olhos e vejo essa menina magricela descendo a ladeira da Rua Comandante Barata, depois Rodrigues Alves – rumo ao dia que começa. Enquanto o futuro não chega, lá vai ela pegar mangas na chácara do Bransildes, passear no Jardim Velho, ver o trem chegar na estação. Domingo missa na matriz, um filme no Cine Trianon. Baile no Comercial ou no Rio Branco? Em agosto, Alegre se enfeita de saudades.

Mais Lidas