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Utilização dos símbolos

Extrair a significância dos símbolos para além das datas

A sociedade estabelece datas como marcos para contagem de tempo e representações diversas. São simbolismos que, de alguma forma, remetem ao fechamento de períodos como um ano de vida, uma estação, mas também são voltados para as funções sociais das pessoas em suas representações – dia do advogado, jornalista, professor, pai, mãe, criança, etc. – às vezes se referem a eventos como “o descobrimento do Brasil”, à fundação de uma cidade, o início ou encerramento de um ciclo, dentre muitos outros.Na última semana passamos por uma data que sempre é muito especial para os povos que seguem o calendário gregoriano – não esquecer que esse calendário foi criado há menos de 500 anos, baseado nas estações do ano e é seguido pela maior parte do mundo, mas que também existem povos que seguem calendários distintos – a mudança do ano como todas as datas representativas é uma convenção.

Entender as datas comemorativas como convenção é uma maturidade que incomoda muito o senso comum. Pela falta da reflexão e busca das bases para “os conhecimentos”, o senso comum cria sombras de verdades que se estabelecem e não necessitam nenhum esclarecimento, são colocadas e pronto. 

Um grande exemplo é o Natal. Significante, para os cristãos como o dia do nascimento de Jesus Cristo, sabemos que não representa esse dia específico, até mesmo por que o calendário que consta o dia 25 de dezembro foi criado mais de mil e quinhentos anos depois do nascimento dele. Contudo, nessa data toda a grandeza representativa da chegada do Messias tem, para os cristãos, seu ápice. As pessoas se sensibilizam para referendar o seu mestre e os ensinamentos que ele deixou.

Antes de entrarmos na reflexão do réveillon ainda vale ressaltar que toda essa significância dos ensinamentos do Cristo, reavivadas no Natal, deveriam ser colocadas em prática no comportamento diário de seus seguidores e não num dia especifico, da mesma forma que os pais, as mães, as crianças, etc. não são importantes somente no chamado “seu dia”. 

O réveillon, popularização do termo francês, proveniente do verbo acordar, é impregnado desta virada, encerramento e recomeço de ciclo, nova oportunidade, revisão, e o que mais nos interessa: reflexão. Como foi o meu ano? No que eu fui bem e no que eu não fui bem? O que o ano que se encerra revela como necessidade de revisão? 

Além da reflexão dos atos e projeção das melhorias, essa data traz ainda uma série de atitudes simbólicas, superstições e simbolismos ligados a religiões, sorte e azar, diversas catarses, etc. muitos pulam ondas do mar, outros acendem velas, estouram fogos de artifício, usam branco, produzem fartas ceias, entram em oração, dentre tantas outras atitudes tidas como “do momento” ressaltando a reflexão, mais que isso a autorreflexão, absolutamente necessária diuturnamente.

Enfim o fundamental é a autorreflexão e sua utilização, ou seja, a apropriação de seu produto como base para direcionamento da ação futura, própria para todo momento, que também pode ser aprendida e incorporada à rotina a partir do exercício da virada de ano e se tornar uma ferramenta que venha a melhorar todos os dias da vida.

Everaldo Barreto é professor de filosofia

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