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Vai ou fica?

Onde estão que não os vejo?

Em mais um capitulo da tragicômica novela urbana, ignorando o interesse do povo e obedecendo ao comando das urnas, os imigrantes não documentados estão perdendo o sono e o apetite. De acordo com as estatísticas, 14 milhões de estrangeiros vivem ilegalmente no chamado “país da liberdade”, e o novo governo prometeu se livrar de todos eles. Como, porém, não explicou. Tal como os fantasmas, que existem, existem… mas onde estão?

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A amiga que conheço há anos tem casa própria, três carros com menos de dois anos de uso na garagem, só usa bolsas de marca e só veste roupas da Bloomingdales – mais conhecida como a “nave mãe”. Ela e o marido não são criminosos nem trambiqueiros, têm bons empregos em empresas americanas e os filhos estudam em boas faculdades. Todos falam Inglês perfeito e sem sotaque. Green-card ou cidadania?

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 “Xi, amiga, nem um nem outra. A gente tá na beira do abismo… Já pensou perder tudo que conquistamos nesses 20 anos?”. Tal e qual, essa massa invisível transita nas highways, frequenta restaurantes, supermercados e shoppings, vai à praia e à igreja, aos parques da Disney e da Universal.  Para deportar os deportáveis, o governo tem que separar o joio do trigo, como dizia minha avó. Essa multidão invisível está entranhada no cotidiano americano e ninguém carrega estrela na testa… ou no braço, como fez Hitler com o povo judeu. Onde estão que não os vejo?

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O caminho mais fácil – para o governo, claro – é o que estão chamando de ‘deportação espontânea’. Anúncios abundam na TV: “Saia por conta própria antes de ser expulso” e muitos estão fazendo isso. Mas 14 milhões? Duvido! Talvez os que aqui aportaram recentemente, mas os que estão aqui há anos e já construíram uma história têm a vida organizada e laços difíceis de cortar, como pais ilegais com filhos nascidos aqui, casa própria, bons empregos… 

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Como identificar um ilegal na multidão de migrantes que vive no país desde que os primeiros ilegais aqui chegaram… ou seja, os pilgrins, em 1620, a bordo do Mayflower? Simples: nomes terminados em vogais; morenos e pardos; muita tatuagem; inglês com sotaque… igrejas evangélicas e shows de artistas estrangeiros… Muitas pessoas com esses “perigosos sintomas” têm sido abordadas, e são americanas natas ou bem documentadas. 

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Os países que mais engordam a cadeia invisível dos ilegais são: campeão absoluto, o México, e bem atrás a Venezuela. Muito atrás, a Guatemala. Trump diz que quer “limpar o país”, pondo todos os imigrante na lista dos  criminosos e traficantes. Mas as migrações modernas são formadas por “núcleos familiares” – gente que quer trabalhar e ter uma vida melhor do que no país de origem. Chegam, batalham e se adaptam, passam dificuldades… muitos vencem, alguns enriquecem, muitos desistem… e la nave va.

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