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Vaticínios irresponsáveis

Como livre pensar é só pensar, como diria mestre Millor, gostaria de compartilhar a mera impressão, sensitivamente impulsionada, de que Dilma Rousseff caminha para vencer, no segundo turno, as eleições presidenciais brasileiras. E de que Renato Casagrande caminha para vencer, num segundo turno, as eleições para governador do Espírito Santo.
 
Esmiuçadas, as pesquisas de opinião – dos institutos chapa branca ou de plantão, ou dos até que não -,mostram que Dilma corrigiu o rumo da prosa e da narrativa e entrou em curva ascendente. A sua prosa captou a dimensão simbólica da política brasileira: a história brasileira não é de rupturas, mas de conciliação e transição. Captou também a dimensão real e a concretude da inquietação dos brasileiros: quem vai ter capacidade de entregar? Entregar a expansão da inclusão social e entregar serviços públicos. Quem vai ter capacidade de governar o governo e liderar a mudança no modelo de acumulação capitalista no Brasil, no meio da exacerbação anunciada do conflito distributivo.? Dilma foi para o embate. Anuncia concretude e mostra o que fez e o que não fez. Deu a cara para bater e está para sair lá no final do túnel. Marina ainda não articulou um projeto concreto para o país, para além das contradições anunciadas e do voluntarismo meio que messiânico . Aécio anuncia projetos, mas não conseguiu colocar-se como alternativa crível e viável.
 
Esmiuçada, a cordialidade do homem ainda cordial brasileiro , apesar das manifestações de junho de 2013, não parece desembocar na crônica anunciada da ruptura. O aforismo de Gramsci voltou: o velho está morrendo, mas o novo não nasceu ainda. Frente e verso, côncavo e convexo, a ruptura não parece estar a caminho. Apesar do asco ao PT e da aversão à Dilma. Irresponsavelmente, me arrisco a dizer que a narrativa da “nova política”de Marina, apesar de admirável, não acumulou capacidade política para arrebatar a sociedade a ponto de arrebatar a presidência do Brasil. Vai ser preciso acumular mais forças. Aécio também.
 
A não ser que não seja. Como diria o saudoso Luiz Eduardo Nascimento. O imponderável é o imponderável.
 
Nas terras capixabas, esmiuçadas as pesquisas de opinião, na reta final, é patente a tendência de que a candidatura de Paulo Hartung bateu no teto. Descontadas as margens de erro, todos os Institutos apontam para esta realidade. Ao mesmo tempo, na reta final, é visível, patente e latente a reação da candidatura de Renato Casagrande. Ele conseguiu mostrar na Tv que realizou um bom governo – e melhorou a sua avaliação.
 
Ato contínuo, ele foi para a disputa no plano do capital simbólico e atingiu o capital simbólico de Hartung: a liturgia do Bem contra o Mal que Hartung cultivou e amplificou com maestria. Casagrande mirou e parece dizer, como nas alegorias dos “faroestes”: “até tu, cara-pálida?” …Poderia também ter sido: “até tu, Brutus?”…. (Numa interpretação livre da narrativa subjetiva da Campanha de Renato Casagrande).
 
E aí criou-se um clima crescente de virada nas eleições para governador no Espírito Santo. O que até então era um “já ganhou”, transformou-se num quadro de embate acirrado e de disputa voltada para o plano do capital simbólico. Esta disputa atinge o capital político e a imagem de Paulo Hartung. Mas ainda resta saber se vai atingir o seu embornal de votos. A imagem que ele criou é forte. Ele ainda é muito temido. Mais do que amado. E impõe sua autoridade e sua reputação de estrategista. Uma lenda?
 
Livre pensar é só pensar. Há algo de novo também no Espírito Santo. Mas também no Espírito Santo o aforismo de Gramsci está cabalmente presente: o velho está morrendo, mas o novo não nasceu ainda… Do ponto de vista sociológico. E antropológico . E principalmente político. 
 
No meio da expectativa de mais-do-mesmo, Renato Casagrande e Paulo Hartung iniciaram na reta final das eleições capixabas um acirrado debate para “superar o mesmo”. Fizeram, antes, um acordo-pelo-alto, na melhor prática oligárquica. Mas não estamos mais no início do Século XX. Este aqui, agora, é o Século XXI…A política em tempos de grafos sociais, na profusão e difusão da confluência do mundo virtual do CIBERESPAÇO com o mundo real das esquinas, do cafés e dos tete-a-tetes. Complexo. Dinâmico. Imprevisível. Ele romperam o trajeto e o centro da correlação de forças? Se romperam, vão para aonde, do ponto de vista político-eleitoral e do ponto de vista das articulações hegemônicas regionais?
 
Hoje, nas vésperas das eleições, tudo indica que as eleições vão para o segundo turno. Se forem, Renato Casagrande poderá ser reeleito governador do Espírito Santo.
 
Outra vez: a não ser que não seja. Como também diria Luiz Eduardo. O imponderável é o imponderável.

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