Toda vez que é questionado sobre a situação política nacional, o governador Paulo Hartung (PMDB) saca um discurso ensaiado. Diz que quem venceu não entendeu que o País saiu dividido das eleições e quem ganhou ainda não desceu do palanque. Mas quando se analisa a situação do Estado, observa-se que ele também não desceu do palanque.
A grita do ex-governador Renato Casagrande nas redes sociais nessa terça-feira (15) mostra isso. O governador vem tentando minar seu principal desafeto político com movimentações de bastidores. E neste sentido trabalha em três frentes: esvaziar o PSB, tornar Casagrande inelegível e vencer a disputa eleitoral deste ano. Nessa ordem.
A primeira movimentação foi a base da denúncia de Casagrande no vídeo divulgado nas redes sociais. O governador, segundo o socialista, vem pressionado os prefeitos do PSB para que deixem a sigla em troca de recursos. Não é preciso lembrar que os recursos deveriam ser repassados pelo Estado independentemente da coloração partidária do prefeito. O PSB em 2012, conseguiu 22 prefeituras, perdeu algumas, mas ainda tem um número considerável, Hartung quer deixar Renato Casagrande sem base.
A segunda movimentação se dá no processo eleitoral propriamente dito. O governador não teve seu melhor desempenho na Grande Vitória, onde está a maior parte do eleitorado capixaba, por isso, quer desidratar o capital político de Casagrande, vencendo a disputa com seus aliados nos maiores colégios eleitorais do Estado, isso o legitimaria como maior liderança política do Estado e principal puxador de votos.
A terceira movimentação é a mais complicada de todas. O Palácio Anchieta tenta articular desde o ano passado a rejeição de contas do último ano de governo de Casagrande. Tentou no Tribunal de Contas, mas a corte não topou o jogo. Vai tentar agora na Assembleia Legislativa, onde o risco é iminente.
Houve uma tentativa em 2014 que não deu certo porque o governador ainda tinha remanescentes aliados no plenário que conseguiram obstruir a manobra dos aliados de Hartung. Hoje, porém, o plenário, em sua maioria deve topar o golpe. Isso deixaria Casagrande inelegível, algo inédito no Espírito Santo.
Com isso, Hartung finalmente eliminaria Casagrande do jogo político do Estado, já que ele não poderia disputar a eleição em 2018 com uma condenação colegiada. Para “pegar” Casagrande, Hartung não parece medir esforços e a tendência é que a situação se aprofunde com a proximidade do processo eleitoral.
Fragmentos
1 – O presidente nacional do PTC, Daniel Tourinho, esteve nessa terça-feira (15) no Palácio Anchieta com a deputada Eliana Dadalto para uma conversa com o governador Paulo Hartung. Ele veio afirmar a candidatura da deputada à prefeitura de Linhares, no norte do Estado.
2 – Também participaram do encontro o presidente da Câmara de Cariacica, César Lucas e o vereador da Serra, Miguel da Policlínica, que disputam a reeleição este ano.
3 – Faltam apenas dois dias para que os parlamentares insatisfeitos com seus partidos decidam seus destinos. E muita gente vai deixar para bater o martelo na última hora.