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Rádio Cachoeiro – ZYL-9

Eu sou uma longa história: a Rádio Cachoeiro, até então, era a única emissora da cidade…

LIVRO: EU SOU UMA LONGA HISTÓRIA – 50 ANOS DE RÁDIO (REEDIÇÃO)

CAPÍTULO II
ZYL-9 – RÁDIO CACHOEIRO – O INÍCIO

Em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado, eu morava na mesma rua da Rádio Cachoeiro, até então a única emissora da cidade e já famosa pelos intermináveis nomes importantes que haviam passado por ela: Roberto Carlos, o mais famoso, mas teve Jece Valadão, Carlos Imperial, Sergio Sampaio, Darlene Gloria, etc. Era o ano de 1964, ano do Golpe Militar. Comecei minha carreira em meio às lutas de opressores e oprimidos, sendo que neste último, estava a imprensa da qual eu começava a lidar.

Rua 7 de Setembro, esquina com a Siqueira Lima, Cachoeiro de Itapemirim. Esse era o endereço da rádio. Apesar de muito jovem, sempre estava lá conversando com os operadores, locutores, afinal meu tio era o diretor da emissora, Jose Américo Mignone.

No primeiro momento, estava limpando a mesa de som, no outro operando a mesa. O passo seguinte, ajudando na programação musical, no outro produzindo programa. No fim, estava fazendo locução, apresentando programas.

Aprendizado

Tive professores importantes, do qual destaco a figura de Ruy Guedes Barbosa, locutor e músico. Lembro que a discoteca era abastada de 78 RPM e de LPS e compactos. Ali aprendi a qualificar musicas e intérpretes.

Ruy era o “cabeça” do famoso conjunto musical 007 e, quando ele se referia ao grupo, a gente percebia nitidamente ele pronunciar “conrrunto” . Isso me marcou.

Na parte técnica de operação, profissionais de alto nível que me fizeram aprender de uma vez por todas: Alvino Cabelino, Miguel Souza, Miltinho Santos, Idelmacir Cesáreo e Danilo Neves. Lembro da mesa de áudio SuperSom, dos gravadores Wollensac e Grundiing. Eram gigantes e tinha de manipulá-los com destreza.

Trabalhava aos domingos nas transmissões das jornadas esportivas como operador e plantão. Só havia um gravador para gravar a partida. Saia os gols e a gente ia marcando com uma tira de papel. No intervalo, o comentarista pedia os gols e a gente já tinha voltado a fita para as marcas, soltando o gol a cada solicitação.

Ainda nos esportes, na Resenha L-9 aos domingos, às 19hs, o locutor esportivo Sabra Abdala dava o resultado da corrida de cavalos do Bairro Noventa. Uma vez, Vendo que Miguel, o operador, estava de cabeça baixa fazendo ponta no lápis, o locutor Sabra Abdala, entre uma nota e outra, sussurrava no microfone (no ar) “Miguel”. Este desconfiou do turco Abdala e começou a prestar atenção. Quando Miguel se descuidava, Sabrinha sussurrava de novo, até que uma hora Miguel encostou o ouvido no velho rádio Semp, foi quando Sabra gritou no microfone: Miguellll. E o susto? Isso tudo no ar, durante o programa.

O jornalismo da ZYL-9 tinha sua importância no todo da programação. O músico e advogado Mozart Cerqueira (irmão do Geraldinho, famoso desportista em Vitória) era o redator do principal noticiário da emissora, o Noticiarista L-9. Cachoeiro inteira ouvia este noticiário de 10 minutos, às 11h35. O texto saia de uma velha e eficiente máquina Remington.

Os locutores eram Jose Américo e no final Sérgio Sampaio, este mesmo, o cantor! Tinha um bom timbre de voz, e nessa época não me lembro nunca de tê-lo visto empunhado um violão na rádio. Sérgio andava com os intelectuais jovens da cidade e uma vez apareceu na rádio impressionado com livro que estava lendo, onde um homem tinha um rato no cérebro. Era um Best Seller de Franz Kafka.

Não podia deixar de relembrar um programa vespertino dominical, chamado “A Juventude Comanda”. Os apresentadores eram Nelson Pereira e Niltinho. Fazia muito sucesso, tanto que Nelson Pereira foi convidado a ter seu próprio programa na emissora.

Quem aparecia por lá e às vezes ocupava microfone era Elyan Pipico Peçanha. Era inteirado dos sucessos, principalmente da Bossa Nova, e desenvolto no falar. Lembro de uma vez, eu fazendo o programa que tinha aos sábados, e Pipico me acompanhando no estúdio. Tocava Can’t Take My Eyes Off You. Quando eu anunciei, frisei o OFF como OF e ele me corrigiu. A pronúncia seria “OV”.

Eu produzia e apresentava, aos sábados, uma programação que começava às 17 horas. Todo ano mudava de nome. Começou em 1966 e o nome era Rota 66, da música que o maestro americano (preferido de Sinatra) Nelson Riddle compôs e lançou em homenagem a famosa rodovia que fica na Califórnia, Rota 66. Servia de prefixo de abertura.

A Rua Sete de Setembro não tinha fim. A rádio ficava no final da rua. Tinha o lavador (de carros) do “seo” Nelson. Tinha também a oficina mecânica dos Romanelis. Turoca era o mecânico. Quando a gente passava, ele gritava lá de dentro, “amanha vou lá hoje”.

A discoteca da Rádio Cachoeiro ficava nos fundos do andar. Naquela época era lotada de discos de 78 rotações e alguns Long Plays. Estes começavam a aparecer. Nós já não usávamos os 78 rotações. Com os Lps, vieram os compactos. A qualidade mudou um pouco para melhor. Mas as propagandas ainda chegavam em 78 rpm. As agulhas pareciam espinhos, daqueles grandes.


Terceiro Capítulo, na próxima semana, aqui no Século Diário

PARABÓLICAS

Me disseram que saiu o canal de frequência modulada para a Rádio ES migrar. Será? Vou perguntar ao menino Saul.

Voltando a repetir. A Assembleia precisa de uma emissora de rádio. Não sei se pode e se já começaram os trâmites.

Breve a Rede Sim estará instalada no seu novo edifício na Reta da Penha, perto da Parquinha do Cauê. Já está com o nome na entrada.

E o SBT tem sua nova afiliada no Estado.

ACESSE
http://jrm50anos.blogspot.com.br/
O rádio do ES na visão de JRM

ACESSE: TRADUÇÃO JRM YOUTUBE

MENSAGEM FINAL
Deus começa quando todo movimento cessa. Paramahansa Yogananda

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