Embora o autoproclamado criador do Modelo Pedagógico Contextualizado (MPC), Gerardo Mondragón, permaneça preso, acusado de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, peculato e outros crimes, o Estado deve continuar usando o modelo que o diretor-executivo da Associação Capixaba de Desenvolvimento e Inclusão Social (Acadis) “criou”. O MPC foi patenteado por Mondragón, embora já seja utilizado pela Congregação dos Religiosos Terciários Capuchinhos há mais de um século.
O governo do Estado optou por manter, por enquanto, os contratos com a Acadis, responsável pela gestão de unidades de internação de adolescentes em conflito com a lei em Linhares (norte do Estado) e em Cariacica. Ao manter a gestão nas mãos da Acadis, também se mantém a aplicação do MPC que, por ser patenteado por Mondragón, garante recebimento de direitos autorais ao seu “cirador”.
Apesar de ter sido patenteado, o MPC é aplicado pela Congregação dos Religiosos Terciários Capuchinhos há mais de um século. Gerardo Mondragón trabalha com o modelo há menos de uma década, tendo patenteado o modelo usado pela Congregação com outro nome.
Em entrevista a Século Diário, concedida em outubro de 2011 o frei Hernán Londoño disse que só existe um “Modelo Pedagógico Terapêutico”, que é o idealizado há mais de um século pelo fundador da Congregação, frei espanhol Luis Amigó y Ferrer. O religioso contou ainda que trabalhou com Mongragón quando o presidente da Acadis ainda era frei e dirigia o Centro Socieducativo Dom Luis Amigó e Ferrer, em Belo Horizonte.
Mesmo com as claras evidências de que o modelo pedagógico aplicado nas unidades com gestão terceirizada pela Acadis se trata de um plágio; com o “criador” deste modelo preso acusado de corrupção envolvendo contratos entre a Acadis e o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Estado (Iases) e com investigações que comprovaram que houve violação de direitos humanos nas unidades com gestão terceirizada o Estado mantém os contratos, usando o modelo pedagógico patenteado.
O prejuízo para o processo em que já se encontram os adolescentes internados nas unidades sob a gestão da Acadis seria inevitável em caso de rompimento contrato, mas existem outras alternativas para que o elo mais fraco, no caso os internos, não arquem com as consequências, que seria a absorção da mão de obra de educadores pelo Estado, já que se configura contratação emergencial.