Foi publicada na edição desta segunda-feira (27) do Diário Oficial a portaria que estabelece a intervenção do Estado, por intermédio do Instituto de Atendimento Socioeducativo (Iases) na execução dos contratos da Associação Capixaba de Desenvolvimento e Inclusão Social (Acadis). O Estado vai assumir toda a estrutura do objeto dos contratos, substituindo a organização social investigada pela Polícia Civil, cuja diretoria está presa preventivamente por força da Operação Pixote.
O diretor-executivo da Acadis, Gerardo Mondragón permanece preso desde o dia 17 de agosto, assim como o diretor do Centro Socioeducativo (CSE) de Linhares (norte do Estado), Ricardo Rocha Soares e o diretor financeiro da Acadis, Douglas Fernandes.
A portaria determina que o Estado assuma o objeto dos contratos da Acadis, com ocupação imediata e utilização do local, instalações, equipamentos, recursos, patrimônio, material e pessoal empregados na execução dos contratos. A mão de obra da Acadis deve ser aproveitada para que não haja prejuízo aos programas já iniciados.
Além disso, a intervenção também vai acarretar na utilização dos créditos decorrentes dos contratos por ordem do interventor, o defensor público Bruno Pereira do Nascimento, para a execução e continuidade do atendimento socioeducativo.
Além da cúpula da Acadis, também permanece presa a diretoria-presidente do Iases, Silvana Gallina. Para o lugar dela à frente do Iases foi designado o defensor público Leonardo Grobberio Pinheiro.
Prisão preventiva
A Justiça decretou nesta segunda-feira (27) a prisão preventiva de oito das 12 pessoas detidas no dia 17 último. Entre os investigados que ficarão à diposição da polícia por pelo menos mais 30 dias, estão a diretora-presidente do Iases Silvana Gallina e o diretor-executivo da Acadis Gerardo Mondragón.
Além dos dois, permenecem presos Antônio Haddad Tappias, ex-diretor-técnico do Iases, que exercia o cargo comissionado de assessor especial do secretário de Justiça Ângelo Roncalli; André Luiz da Silva Lima, que respondia pelo Departamento Jurídico do Iases e facilitou o convênio de co-gestão Acadis-Iases; Ricardo Soares da Rocha, que exercia o cargo de diretor socioeducativo da Acadis Linhares, que pode estar por trás da formação de empresas laranjas para contratar com a própria organização; Danielle Merísio Fernandes Alexandre, diretora Financeira da Acadis; Marcos Juny Ferreira Lima, diretor administrativo do Inbradese, organização comprada por Mondragón com cheques sem fundos; Douglas Fernandes Rosa, que era encarregado de cuidar dos contratos fraudulentos.
Os outros quatro suspeitos foram liberados na última quarta (22). Eles se comprometeram a colaborar com as investigações e podem ser beneficiados durante o processo.
Operação Pixote
Deflagrada no dia 17 de agosto, a Operação Pixote culminou na prisão de 12 pessoas da cúpula do Iases e da Acadis, acusadas de desvio, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, formação de quadrilha, dentre outros crimes.
O Modelo Pedagógico Contextualizado (MPC), usado nas unidades sob a gestão da Acadis, foi trazido para o Estado por Gerardo Mondragón, autoproclamado o criados do método. O MPC foi patenteado por Mondragón, embora já seja utilizado pela Congregação dos Religiosos Terciários Capuchinhos há mais de um século.