O delegado Rodolpho Laterza, que comandou a Operação Pixote, responsável pelas denúncias de fraudes em contratos do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), divulgou nesta segunda-feita (22) dados preliminares do relatório contábil do caso. Só em danos ao erário, o rombo é de no mínimo R$ 32 milhões, valores referentes ao período de 2008 a 2011.
A soma é resultado, segundo Laterza, de vários fatores, entre eles contratos superfaturados com empresas prestadoras de serviços, como um bufê, o Grupo Capixaba de Segurança e Vigilância – que recebeu sozinho cerca de R$ 1,5 milhão em superfaturamento – e a Top Clean, que teve valores em torno de 150% de lucro acima do devido e é ligada ao diretor da Associação Capixaba de Desenvolvimento e Inclusão Social (Acadis), Gerardo Mondragón, um dos principais pivôs do escândalo.
Além disso, o dano também vem de outros gastos indevidos do dinheiro, como em pagamentos de passagens de diretores e outros funcionários da Acadis, incluindo Mondrágon, gastos com cinema, pilates etc.
Os números são referentes a cerca de 300 documentos apreendidos durante a Operação Pixote em 16 de agosto deste ano que, até agora, foram submetidos a uma análise preliminar do delegado e sua equipe. Segundo Laterza, os documentos contêm registros de depósitos realizados pela Acadis, instituições ligadas a Mondragón e contas pessoais do diretor, assim como cheques e recibos das movimentações financeiras dos grupos. O delegado preferiu não estimar os números referentes a desvio de dinheiro público que devem ser encontrados durante a análise dos documentos.
Os papéis ainda serão submetidos à perícia e servirão de provas técnicas para a ação penal do caso, assim como para as acusações de improbidade administrativa. “O laudo pericial contábil terá precisão científica e, assim, será o alicerce das ações”, afirmou Laterza. Com o resultado da perícia, que ainda não tem previsão para sair, o juiz do caso terá novas provas para formar o seu veredicto.
O delegado afirma que há possibilidades de que o dinheiro referente ao rombo seja rastreado e, assim, devolvido aos cofres públicos, mas isso depende de intervenção posterior do Ministério Público (MPES) e da Justiça.