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Aline Prúcoli de Souza estreia na ficção com o livro ‘pustulâncias: menina bruta’

Diante da impossibilidade de atribuir um gênero a “pustulâncias: menina bruta”, livro que marca sua estreia literária, a escritora Aline Prúcoli de Souza não hesita em chamá-lo de “degenerado”. A obra, a ser lançada nesta quinta-feira (23/11), na Cousa Café e Editora, Centro de Vitória, tem a temática da degenerescência humana como mote, a propósito.

“Escrito em uma primeira pessoa bastante secundária e marginal, Enila (e suas personas) expõe, nesta espécie de escrita de si anti-lírica, as pústulas fétidas, porém róseas, de que é feito seu corpo-letra e confessa as desventuras do feminino maculado, amargo e, no entanto, meninil que a habitam. É um percurso verbal que cintila uma negação em sua origem, mas nos permite alcançar o amor antes de seu derradeiro ponto final”, afirma a escritora.

Primeiro livro de ficção de Aline Prúcoli de Souza, a obra nasceu de uma vontade da autora de transformar memórias (especialmente afetivas) em literatura e, ao mesmo tempo, denunciar as mazelas sociais de que ela foi vítima ou que testemunhou ao longo da infância e da adolescência.

“O livro foi escrito muito rapidamente, como um ‘vômito’, num jorro desorganizado, caótico e catártico. Relembrar os fatos (vividos por mim e por outros) foi, obviamente, desconfortante. Mas transformar os mesmos fatos em ficção, inventando falas e ações, modificando cenas e sequências e criando personagens e temáticas foi muito divertido e prazeroso. Nesse sentido, o livro aconteceu com muita facilidade como uma súbita gargalhada. O caráter de inventividade, de ficcionalidade do texto é tamanho que não deixa brechas para que o leitor identifique se são ou não e quais são ou não os fatos verídicos ou fictícios. O livro representa todos aqueles que são marginalizados, violentados, silenciados e estigmatizados por uma sociedade perversamente patriarcal, através de seus sistemas microfísicos de controle de corpos”, diz Aline.

A escritora afirma que o livro se fez, simplesmente, e tomou a forma que quis, de acordo com a necessidade de cada “ilha”, ou “bolha”, ou “pústula” temática. Para ela, o livro é muito mais do que um marco que registra ou seu nascimento como escritora. “Ele é uma potência, uma chave com a qual me desconstruo para melhor habitar os espaços em que circulo”.

Além de escrever, Aline gosta também de desenhar. A capa da obra é uma reprodução de sua primeira pintura, e algumas das ilustrações que estão no livro também foram feitas pela autora.  A autora nasceu em Vila Velha, no dia 4 de maio de 1984. É licenciada em Letras Português/Inglês e é doutora em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo, onde desenvolveu pesquisa sobre a relação interartes (literatura e pintura) na obra do escritor português António Lobo Antunes.

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