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Amizade, cotidiano e a arte de escrever em Quiche, novo romance de João Chagas

Seis anos depois de começar a ser escrito, o livro Quiche (editora Pedregulho) será lançado nesta quinta-feira (8), na Casa Subtrópico, Centro de Vitória. Qualquer semelhança entre autor e personagem não é mera coincidência.

Na trama, Só apela ao amigo Nêgo: “Eu preciso que você me escute. É muito importante pra mim, tá? Estou com esse livro na cabeça há anos e acho que agora é a hora de sentar e escrever. Você entende, né? Já mudei tantas vezes a trama, os motivos, os narradores. Preciso isso. E agora. Nossa, sei que é pedir demais, mas você poderia me ajudar tanto, Nego. Acho que se eu conseguisse ficar sem trabalhar por uns seis meses eu conseguiria terminar”.

Assim como o livro da personagem, a obra de João foi sendo modificada, cenas saíram, personagens entraram, a trama ganha novos contornos. Enquanto isso a vida fora do romance também acontece, o mundo se modifica. A narração de Quiche entretanto, não é do ponto de vista da escritora em seu desafio de escrever, mas do amigo solidário, alheio ao mundo das letras, mas que acompanha o desenrolar do processo, afetando e sendo afetado por ele:

“O combinado era o seguinte. Ela precisava de sossego para produzir, eu tinha um emprego confortável de casa. Processamento de dados. Ela passou a morar comigo para dividirmos as despesas. Só trabalha numa fábrica de canetas e pincéis de pintura. Ela ia tirar uma licença no trabalho e ficaria por conta. Ela não faria bagunça fora da vida emocional dela e até disse que lavaria a louça, se eu guardasse, prometeu. Ria. Leve. Prometeu que não levaria muito mais que seis meses, já estava com o esqueleto todo pronto, faltava só passar a história pro papel. Sem manchas de tinta, embora essa última parte fosse mais difícil de garantir. Faria questão de assinar o prefácio, então, eu falei. Ela riu sem concordar, mas comecei a fazer parte de alguma coisa, enfim. Como se fosse eu aquele tipo de saudade que nunca quer morrer”.

Na história também entre Lia, outra companheira de casa. Para além do lar, a cidade, não nominada, também se faz perceber, trazendo detalhes que lembram Vitória, Guarapari e Curitiba, locais por onde o João Chagas passou. “No final das contas, o livro é sobre amizade, como essas três pessoas se influenciam e se relacionam com o resto do mundo, como podem se oferecer suporte emocional ou de outro tipo”, explica. A narrativa é “liberal” a respeito de seu recorte, o narrador pode querer falar de outra coisa e dar um salto na história, fugindo da cronologia.

Quiche é o terceiro livro de João Chagas, sendo o segundo romance. Formado em Letras-Inglês pela Universidade Federal do Estado (Ufes), ele roteirizou a obra em quadrinhos Veneno Paraíso (2013), lançou o romance A paz dos vagabundos (2014), vencedor do Prêmio Ufes de Literatura, e o livro de contos Tem sol na ponta do deque (2016).

AGENDA CULTURAL

Lançamento do livro “Quiche”, de João Chagas

Quando: Quinta-feira (8/11), 19h

Onde: Casa Subtrópico – Rua Coutinho Mascarenhas, 55 – Centro de Vitória/ES

O livro será vendido no local por R$ 30.

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