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Aos 17 anos, campeão da poesia

Aos 17 anos, Ian Mendes estuda no Ensino Médio e mora no mesmo lugar desde que nasceu. Cidade da Barra, Região 5 de Vila Velha. Essa região tem sido epicentro de um movimento que promove cultura e consciência: os slams, campeonatos de poesia falada. Ian, que adota o codinome artístico Ira, escreve desde os seis anos, mas foi nesse ano que depois de assistir vídeos na internet, tomou coragem e começou a participar das competições, alcançando resultados expressivos.

As últimas semanas foram intensas: venceu o II Slam Interescolar Capixaba, que lhe deu vaga para disputar o Interescolar Nacional em Belo Horizonte no último sábado (3), em que foi vice-campeão. No dia seguinte já estava em Vitória recitando e foi campeão do Slam ES, que reúne os poetas classificados de todos slams ativos no Estado. No dia 12 de dezembro, ele estará representando o Espírito Santo no principal torneio nacional, o Slam BR, em São Paulo.

Conversamos um pouco com Ira sobre sua relação com a poesia e como isso influencia em sua vida.

Quando começou a participar dos slams?

– Comecei a me interessar por slam através da minha professora de português Julia Fagundes, que criou um slam dentro da minha escola [EEEM Mario Gurgel]. Foi o primeiro que participei e fui campeão. Eu participo do Slam Nisia, Slam Artevista, mas já participei também do Slam Botocudos e alguns outros dentro da região

Em que costuma se inspirar para escrever e o que gosta de retratar nos versos?

– A inspiração vem da vida,escrever minha realidade para que os que não vivem possam sentir um pouco do que eu sinto. Poesia para mim é a arte de ligar meus sentimentos ao das pessoas. Falo de todos os tipos de injustiças e preconceito, e muitos assuntos que estão acontecendo no momento.

Com que frequência costuma escrever?

– Eu costumava escrever todos os dias, mas agora, devido ao grande número de apresentações, campeonatos e projetos, estou escrevendo uns três a quatro dias por semana. Em véspera de campeonato escrevo bem mais, e assim que passa escrevo menos para descansar.

Como se prepara para os slams?

– Toda semana antes dos slam eu paro uns dois ou três dias e recito as três ou quatro poesias que irei usar no campeonato por horas, sem parar. No último dia antes do campeonato, apenas descanso para não desgastar mais a voz. Às vezes recebo ajuda da minha professora de português, me dando dicas de como melhorar minha fala e performance.

Como foi participar do Slam ES e do Slam Interescolar?

– A experiência do Slam Interescolar em Belo Horizonte foi maravilhosa. Aprendi muita coisa com essa viagem e sinto que a poesia se torna parte de mim cada vez mais. A sensação de estar em BH recitando é inexplicável. Aí eu vim de BH direto para o Slam ES, só deu tempo de deixar minha mochila em casa e ir. Foi extremamente cansativo, mas valeu a pena. Faria novamente com certeza. Eu amo o que eu faço, então o cansaço não me desanimou de competir.

Como está a expectativa para o campeonato nacional? Como pretende se preparar?

– Estou bem ansioso para o Slam BR, mas muito focado e espero conseguir dar o meu melhor. Vou dedicar 100% do meu pensamento e treino para esse campeonato e analisar todas as minhas letras novamente, fazendo melhorias para um melhor resultado.

O que mudou na sua vida com a poesia?

– Eu me tornei outra pessoa depois da poesia. Ela me fez abrir os olhos pra muita coisa e agora sinto que sou uma pessoa muito melhor. Comecei a estudar mais do que antes e, toda vez que subo no palco pra recitar, é como se eu encontrasse meu outro eu, a parte que faltava em mim.

Esse envolvimento com os slams muda suas perspectivas para o futuro?

– Sim, para o um lado bom. Me ajudou a pensar que eu posso chegar bem mais longe depois que eu comecei a competir. Vou fazer Enem no próximo ano, pretendo cursar a faculdade de Letras, e com certeza fazer algo relacionado à escrita e à arte, pois são minhas verdadeiras paixões.

Por que usa esse codinome Ira?

– Pela maneira que recito, todo mundo sempre falou que expresso toda minha revolta e ódio pelas coisas. Então isso é o Ira, a representação da raiva das pessoas por sofrerem essas injustiças.

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