Documentos do Educandário Alzira Bley, em Cariacica, foram digitalizados e serão disponibilizados ao público por meio do projeto “Inventário dos Livros Manuscritos do Educandário Alzira Bley”. O lançamento será nesta sexta-feira (5), em uma live no canal do YouTube do Movimento de Reintegração de Pessoas Afligidas pela Hanseníase (Morhan) e no Facebook da entidade, a partir das 19h.
O arquivista do projeto, Anderson Gomes Barbosa, explica que a iniciativa consiste na digitalização e elaboração do inventário, com descrição dos documentos. O trabalho foi feito com três séries. Uma delas é o livro de atas, que abarca documentos de 1945 a 1998. Também tem o de assinatura e impressão de visitantes, contemplando o período entre 1943 e 1983, além do de entrada e saída de crianças, de 1937 a 2019.
As cópias digitalizadas serão entregues ao Arquivo Público e ao Educandário Alzira Bley, para que possam ser consultadas. Para ter acesso aos documentos de entrada e saída das crianças, será preciso solicitar por meio de requerimento. A restrição, explica Anderson, é para não expor informações pessoais dos ex-internos. Também serão entregues 500 DVDs com os livros de ata e o de assinatura e impressão de visitantes para o Educandário fazer a distribuição, além de serem disponibilizados em um blog da instituição, criado especificamente para isso.
Anderson salienta que no livro de atas há informações sobre a história da instituição, como quem foram os presidentes e a composição da administração em várias épocas. No de visitas, ele destaca o registro da dedicatória do então presidente Eurico Gaspar Dutra, que esteve no Educandário em 1949. Já o
entrada e saída de crianças, para Anderson, é fundamental para a mobilização dos ex-internos, que reivindicam a aprovação do Projeto de Lei 2104/2011. A proposta prevê a garantia de uma pensão vitalícia indenizatória para os filhos separados dos pais com hanseníase no contexto da internação compulsória das pessoas que tinham essa doença.
O Educandário Alzira Bley foi criado em 1940, ao lado do Hospital Pedro Fontes, de 1937. Ambos nasceram no contexto da política de isolamento e internação compulsórios de pacientes com hanseníase no primeiro governo do presidente Getúlio Vargas. Os hanseníacos eram internados no Pedro Fontes e seus filhos que não tinham a doença eram encaminhados para o Educandário.
Além de Anderson, participarão da live de lançamento a coordenadora do projeto, Sirlene da Silva Pereira; o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio Moreira Sousa; o presidente do Educandário Alzira Bley, Heraldo José Pereira; e o deputado estadual Hércules Silveira (MDB). O projeto “Inventário dos livros manuscritos do Educandário Alzira Bley” foi colocado em prática com recursos do Funcultura, por meio do Edital de Acervos da Secretaria Estadual de Cultura do Espírito Santo (Secult).