Ossos, músculos e órgãos de animais viram peças de um quebra-cabeça nas mãos da artista Mariana Reis, que encaixa esses elementos da sua própria forma, inclusive misturando partes de espécies diferentes. As obras resultantes desse trabalho, que faz um cruzamento entre a ciência e arte contemporânea, compõem a nova exposição da Galeria Homero Massena: Corpora. A mostra estará aberta ao público a partir da próxima quarta-feira (15).
Mariana conta que essa pesquisa sobre o corpo humano e de animais surgiu de um interesse pessoal nas áreas de conhecimento das ciências biológicas. “O estudo sobre as ciências naturais foi intensificado a fim de dominar não só a forma, mas também o funcionamento do corpo animal e seus processos evolutivos”, explica a artista, que hoje também cursa medicina veterinária, que cada vez mais tem contaminado o seu trabalho.
Corpora propõe uma teoria da recombinação. Por meio da mistura das características de animais como boi, cavalo, cão, avestruz, ave de rapina, onça e pequenos ruminantes, a artista cria uma nova espécie. “A exposição gira em torno da descoberta arqueológica do Cervus ferum alatu e as obras mostram o funcionamento de partes do seu corpo. Além da exibição das ossadas, articulações e uma execução de animação 3D que simula sua cobertura externa e movimentações”, explica.
Mariana utilizará diversas linguagens e suportes na exposição como a xilogravura, o vídeo e a escultura. Entre esses materiais, a artista destaca o uso da xilogravura, que se assemelha a fósseis, assim a própria técnica mantém uma relação com o que está a ser representado.
“A mistura de ossos pretende aproximar as espécies entre si e gerar o questionamento sobre a conformação do nosso próprio corpo, e quem sabe, para recuperar o elo entre homem e animal”, diz Mariana. Para a artista, o estudo científico serviu para que ela percebesse essas semelhanças anatômicas entre animais, que aparentemente não tem relação nenhuma.
O principal questionamento pretendido pela exposição colocar em dúvida o rigor do pensamento científico, “a ciência muitas vezes está baseado em hipóteses e não em evidências concretas, apesar da informação científica circular como verdade inquestionável. O Cervus ferum alatu é apresentado em uma simulação de descoberta arqueológica real ainda que seja um animal anatomicamente impossível de existir”, completa. Mariana ainda ressalta que em Corpora cada expectador achará os seus limites entre a realidade, a ciências e a arte.
Serviço
A abertura da exposição Corpora acontece nesta quarta-feira (15), as 19h, na Galeria Homero Massena. A mostra fica em cartaz até dia 13 de dezembro. Visitação: Segunda a sexta, 9h às 18h; sábado, das 13h às 18h. Entrada gratuita.