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Artistas apresentam adaptação capixaba de ‘A sagração da primavera’

Obra de Igor Stravinsky que revolucionou a música e a dança no século 20 será encenada em Cariacica

Marcelo Braga

Nos próximos dias 15, 16 e 17 de janeiro, a Ehioze Cia de Dança apresenta uma releitura da obra “A sagração da primavera”, clássico composto por Igor Stravinsky, com coreografia de Vaslav Nijinsky, que representou um marco na música e na dança, servindo como referência para o início do modernismo nessas linguagens artísticas. 

As apresentações no Espírito Santo acontecem no Centro Cultural Frei Civitella del Tronto, em Campo Grande, Cariacica, com ingresso gratuito e limitação de público devido à pandemia. Para assistir às apresentações é preciso realizar reserva antecipada de ingresso pelo site Sympla.

Na versão capixaba do clássico, quem assina a coreografia é o bailarino e coreógrafo Gil Mendes. Ele conta que a obra, apresentada pela primeira vez em 1913 no Teatro dos Campos Elíseos, em Paris, França, já teve diversas adaptações ao longo da história. O espetáculo versa sobre uma cerimônia em que uma pessoa é sacrificada em favor da fertilidade da terra, para que todos possam ter boas colheitas mais adiante.

“Nossa proposta é trazer para nosso contexto. São pessoas completamente diferentes que vivem esse tempo conturbado, cheio de conflitos e tentam trabalhar a convivência com a questão da diversidade”, explica Gil. Mattheus Schirffimaan, gestor cultural da companhia, explica que mesmo buscando manter a obra original, o espetáculo traz novas interpretações, para fazer pensar hoje no sacrifício do indivíduo em favor do coletivo. A versão capixaba busca então falar sobre a violência, a exploração, num mundo competitivo e cruel que discrimina os mais pobres e periféricos, especialmente os negros, mulheres, pessoas LGBTQIA+ e outros grupos sociais. São eles os sacrificados, mas será por um motivo glorioso?

Marcelo Braga

Em palco são seis dançarinos que interpretam dois atos. No primeiro, Adoração da Terra, os cenários e personagens são apresentados, enquanto no segundo ato, O Sacrifício, acontece a construção da escolha de quem será sacrificado, até culminar no ápice da obra. Os elementos originais da época e também do local de origem da obra, a Rússia, vão ceder lugar a elementos mais contemporâneos e localizados com a realidade brasileira e capixaba, incluindo a ampliação da possibilidade do sacrifício ser feito não apenas com jovens virgens.

A adaptação capixaba já havia sido apresentada anteriormente, mas agora ganha elenco totalmente renovado. “As pessoas mudaram e o trabalho também. Quanto mais você dança uma coreografia mais se apropria dela. Meu olhar começa a ver uma série de questões que não cabem mais. Mudei muita coisa, são outros corpos, outras experiências trazidas, coisas que vem e a gente não pode ignorar”, diz Gil Mendes sobre a nova montagem.

Além dos três dias de apresentações em Cariacica, o projeto realiza duas oficinas tendo como público-alvo pessoas de 15 a 29 anos interessados em dança. Os temas são Dança Afro e Performance em Tempo de Ruína, também com inscrições gratuitas no mesmo link dos ingressos.

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