Mais na coluna: Grito da Cultura; Ufes 70 Anos; Carnaval Inclusivo; e Corpus em Vidas
Os artistas de Guarapari reivindicam mudanças nos editais da Lei Paulo Gustavo. Por meio da vereadora Sabrina Astori (DC), eles encaminharam para a gestão de Edson Magalhães (PSDB) um recurso com solicitação de erratas nos dois editais culturais: o de audiovisual e outras áreas e o de premiações. Conforme afirma o vice-presidente do Conselho Municipal de Cultura e integrante do Coletivo Sinestesia, Bruno Magnago, em diversos pontos os editais se diferem daquilo que foi discutido e aprovado no colegiado.
Uma das queixas é em relação à destinação do valor de R$ 81 mil para produção de longa-metragem. O que se discute a nível estadual, pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult), é o valor de, no mínimo, R$ 800 mil para esse tipo de projeto. Além disso, se estabelece no edital que um longa-metragem deve ter 70 minutos, sendo que uma produção dessa ultrapassa esse quantitativo de tempo. Contudo, a reivindicação nem é de um valor maior, até porque um único projeto de R$ 800 mil abocanharia grande parte dos recursos.
Conforme consta no pedido de errata, o que foi discutido na reunião do Conselho foi que se estipulasse valores, mas sem definir para quais tipos de projetos seriam destinados, para que o proponente indique em sua proposta em qual linha de valor deseja concorrer, “justificando a relevância do mesmo de acordo com os valores pretendidos”.
Inscrições
O prazo para as inscrições, que foi curto em todos lugares, para os artistas de Guarapari está sendo mais ainda. Teve início no dia 14 de novembro e finda no dia 29. Porém, só foi possível aos artistas fazer as inscrições por meio do Mapa Cultural do Espírito Santo nessa quinta-feira (17). Três dias perdidos em um contexto no qual as pessoas não têm muito tempo a perder.
Os artistas também se queixam do fato de não ter outra forma de apresentar as documentações necessárias a não ser entregando pessoalmente na prefeitura, como se não existissem meios virtuais. Para além disso, eles questionam a real necessidade de apresentar algumas documentações, como certidões negativas de débito municipal para pessoas físicas no ato da inscrição, não deixando somente para a assinatura do contrato, caso o projeto seja aprovado.
Premiação
No edital de Premiação, segundo Bruno, o que foi estabelecido é que seriam quatro prêmios de R$ 25 mil para espaços culturais e dois de R$ 10 mil para comunidades de povos e saberes tradicionais. No entanto, o edital destinou todos seis prêmios para agentes culturais, portanto, qualquer agente cultural do município pode se inscrever, não havendo o recorte discutido no Conselho Municipal de Cultura.
Pressão
É importante lembrar que houve toda uma pressão dos trabalhadores da cultura para que os municípios apresentassem seus planos de ação da Lei Paulo Gustavo. No final das contas, no Espírito Santo todos municípios encaminharam. Depois da pressão para elaboração e encaminhamento dos planos de ação, veio a da publicação dos editais. Mas tudo foi feito por parte de algumas gestões muito mais por causa da cobrança dos artistas do que por vontade de fato de impulsionar a cultura local, prova disso é o que vem acontecendo em Guarapari, editais que parecem ter sido lançados somente para dizer que o município atendeu a demanda da classe artística. Mas a pressão tem que continuar!
Guarapari no Grito da Cultura
Coincidentemente, na mesma semana em que os artistas solicitaram as erratas nos editais de Guarapari, as políticas de cultura do município foram tema de uma postagem nas redes do Grito da Cultura, que recordou que sua primeira caravana, em abril, foi no município. Na ocasião, foi formulada uma pauta com um diagnóstico e propostas que vão além do setor cultural. De acordo com o Grito, foram feitas tentativas de apresentação do documento para a Secretaria Municipal de Turismo, Empreendedorismo e Cultura de Guarapari, mas até hoje não foram atendidos. Mais uma prova de que a gestão municipal não tem como uma de suas prioridades impulsionar a cultura na cidade.
Diagnóstico
O diagnóstico elaborado pelo Grito da Cultura traz reivindicações e sugestões divididas em oito itens: mapeamento e divulgação do patrimônio, audiência sobre a Casa da Cultura e a Praça da Bússola, calendário de atividades da cidade, infraestrutura e equipamentos, descentralização e acesso à cultura, adesão aos programas do Governo do Estado e às leis federais, turismo de base comunitária, políticas afirmativas e ações de enfrentamento às violências.
Ufes 70 anos
A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) completa 70 anos em 2024. Para comemorar, a Edufes lançou o concurso 70 Anos da Ufes – Textos & Imagens, convidando o público em geral a enviar poemas, crônicas, desenhos, fotos, pinturas e ilustrações que sobre o tema que dá nome ao concurso para compor um livro comemorativo que será publicado pela Editora. Cada um dos autores selecionados ganhará três exemplares do livro no dia do lançamento, mais R$ 150,00 em livros da Edufes a serem escolhidos pela própria pessoa contemplada. O prazo de envio dos trabalhos, que devem ser encaminhados pelo e-mail [email protected], é até 26 de novembro.
Carnaval inclusivo
O Grupo Orgulho Liberdade e Dignidade (Gold) propôs para a escola de samba Imperatriz do Forte que disponibilizasse 60 fantasias para pessoas em situação de rua assistidas pelo Centro Pop de Vitória. A proposta foi aceita pela agremiação e pelo Centro Pop. Os assistidos irão ensaiar o samba com eles. Além disso, o Centro Pop ofereceu o seu espaço para realização de oficinas para produzir itens que irão compor as alegorias. A ideia, afirma Deborah Sabará, coordenadora de projetos da Gold, é que a iniciativa seja aplicada também em outras escolas de samba.
Corpus em Vidas
Na sexta, sábado e domingo (24 a 26) da próxima semana, o Grupo de Teatro Experimental Capixaba (GTEC) apresenta Corpus em Vidas, espetáculo que combina teatro-instalação, candomblé, cinema-vídeo, dança e práticas performativas. As apresentações serão no subsolo do Teatro Sônia Cabral, às 19h. Os ingressos podem ser adquiridos gratuitamente na bilheteria. Corpus em Vidas mergulha em questões do século XXI: por que continuamos a criar corpos sem vida, torturados, vendidos, prostituídos, explorados e escravizados? O espetáculo busca não somente questionar, mas também oferecer propostas de um “corpus com vidas” de forma decolonial.
Corpus em Vidas II
Corpus em Vidas conta com um elenco de peso, como a cantora Amélia Barreto, o dançarino Danilo dos Anjos e a atriz Suely Bispo. Edineia Cabral, a Mãe Neia, uma das mães de santo mais populares do Espírito Santo, integra o espetáculo como performer de Candomblé.
Até a próxima coluna!
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