Patrimônio da Penha é o refúgio de produção do grupo surgido na divisa entre Minas e Espírito Santo
O clima ameno e a beleza natural do Caparaó são o berço do Roça Nova, uma banda que mistura elementos do rock rural com psicodelia, num som que se define com um “caipigroove”. Além da fusão musical, o grupo nasce também em fronteiras geográficas, mais especificamente na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo.
As fronteiras são contraditórias pois ao mesmo tempo que separam, unem. Criado em 2019, o Roça Nova reúne amigos que se conheceram na infância em Manhuaçu, do lado mineiro do Parque Nacional do Caparaó, que marca a divisa com o Espírito Santo na região. Pedro Tasca (voz e violão), Bernardo Leitão (percussão) e João Manga (bateria e voz), cresceram fazendo trilhas, acampamentos, fogueiras e rodas de violão que marcaram sua juventude e também influenciam na produção que veio anos depois se tornar o Roça Nova, que ainda tem como integrantes Hector Eiterer (baixo) e Marco Maia (guitarra), que conheceram Pedro em Juiz de Fora (MG).
Tempos depois, em tempos de isolamento, Patrimônio da Penha tem sido novamente um lugar marcante para o grupo sair dos ensaios e palcos para gravações e produção de suas composições. “”Hoje, quando falo em Espírito Santo, falo da terra que é também meu lar, que está presente nas minhas composições. Moro em Patrimônio da Penha, minha casa é o Hostel Kajoama, onde recebo todos com a mesma hospitalidade em que a nossa vila e o Espírito Santo me receberam”, diz João, que já morou também em Piúma e Guaçuí. O hostel na região tranquila e inspiradora serviu como espaço de imersão por duas semanas para a banda, que ali realizou a pré produção de “Tramóia”, disco de estreia que será lançado em janeiro de 2021.
Na próxima sexta-feira (13), estreia o primeiro indício do que será o álbum, com o lançamento do single e videoclipe da canção homônima, chamada Roça Nova: “Somos muito maiores que o corpo, Roça Nova é ser muito com pouco”, que apresenta a proposta musical e filosófica do grupo de “agronautas”, como se intitulam, em busca de valores artísticos e espirituais e questionamento sobre questões políticas, sociais e ambientais que afligem a modernidade e a sociedade tecnológica. A primeira música será lançada em diversas plataformas digitais de música, com os links reunidos aqui. O grupo também divulgou um teaser que mostra um pouco do que virá.
Na sonoridade, pode-se encontrar além do rock rural e música caipira, influência de ritmos afrolatinos, baião, rock psicodélico, MPB, afrobeat, samba e também elementos locais como o jazz mineiro, congado e folia de reis. O momento de lançamento certamente é bastante atípico e diferente do que se poderia imaginar quando o grupo surgiu em meados do ano passado.
“Para nós, apesar de ainda termos muito trabalho pela frente e de vivenciarmos uma pandemia tão preocupante, esse é um momento de muitas realizações pessoais e coletivas. O lançamento do clipe e do single de estreia representa a realização dos sonhos de muitos profissionais e amigos, já que a Roça Nova trabalha de forma independente e conta com a colaboração de diversos músicos, produtores e artistas, além do nosso público que é realmente parte de nós”, relata Pedro Tasca.
Além do lançamento nas redes, enquanto ainda não há perspectivas de se apresentar em novos festivais e grandes shows, o grupo também está trabalhando para difundir sua música pelas rádios, sobretudo na região Sul do Espírito Santo, por meio de parceria com a produtora Dona Música Produções, garantindo que o som circule por municípios como Alegre, Guaçuí, Itaoca e Piúma.