Gestão de Lorenzo Pazolini garantiu prosseguir com as discussões nos próximos meses
A Liga dos Blocos do Centro de Vitória (Blocão) e a Associação de Moradores do Centro (Amacentro) apresentaram à gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), reivindicações para o desfile dos blocos no Carnaval 2025, que serão realizados entre os dias 1º e 5 de março. Apoio financeiro e melhorias estruturais, na fiscalização e dispersão, são algumas das demandas, na expectativa de garantir necessidades há anos ignoradas pela atual gestão municipal.
O coordenador do bloco Coisa de Negres, Edson Bonfim, informa que uma das reivindicações foi que se cumpra a Lei nº 6.107/2024, que autoriza o Executivo a repassar 10% da verba das escolas de samba para blocos da Capital. “O Carnaval traz muitos turistas e arrecadação. É importante para a cidade, mas os blocos não ganham recursos para manter as suas atividades”, destaca.
Outra demanda é a disponibilização de um carro com um som de mais qualidade, e fiscalização dos ambulantes, já que em anos anteriores foram vendidas bebidas em garrafa, apesar da proibição. Também foi destacado que o trajeto de um quilômetro na Beira-Mar para desfile dos blocos é muito curto, devendo ser estendido até a altura do Parque Moscoso. Além disso, defendido o encerramento dos desfiles por volta das 20h, uma hora a mais do horário estabelecido hoje. O Blocão acredita que essas iniciativas ajudam, depois, a “desafogar” o Centro.
Para dispersar os foliões, a prefeitura criou o Circuito da Folia, um trio elétrico que os leva para o Sambão do Povo após os desfiles, mas isso, aponta Edson, não é suficiente. Por isso, somada a essas iniciativas, o Blocão sugeriu, ainda, a realização de atividades culturais no Portal do Príncipe, com atrações como batalha de Hip Hop, Slam e funk, atraindo um público que não gosta do carnaval tradicional, mas acaba indo por não ter outras alternativas de lazer.
Em um prazo de dez dias, os representantes dos blocos de rua irão encaminhar à prefeitura um calendário com informações sobre horários dos desfiles e estimativas de públicos. A expectativa é que, em meados de novembro, uma nova reunião aconteça, para dar prosseguimento às discussões.
A reunião também contou com a participação do 12º Promotor de Justiça Cível de Vitória, Marcelo Lemos Vieira, que proibiu desfiles no Centro este ano; o secretário de Desenvolvimento da Cidade e Habitação, Luciano Forrechi; o secretário de Cultura, Edu Henning; e representantes da Polícia Civil; da Guarda Municipal de Vitória; do Corpo de Bombeiros; da Câmara de Dirigentes Lojistas de Vitória (CDL); da 1ª Igreja Batista da Capital, por ser situada próxima à Beira-Mar, onde alguns blocos desfilam; e do Pró-Vix, grupo de oposição à Amacentro.
Polêmicas e omissões
O Carnaval do Centro, nos últimos anos, tem sido marcado por polêmicas e omissões da gestão municipal, que não se repetem em bairros de interesses eleitorais do prefeito, como Jardim Camburi. No último, em fevereiro, a gestão de Lorenzo Pazolini publicou o decreto 23.180/2023, com uma série de restrições.
Uma delas foi no artigo 11º, que dizia que “os Blocos de Rua não poderão permanecer parados em pontos fixos, devendo sempre circular, como forma de promover a melhor convivência com a vizinhança, a mobilidade urbana e o tráfego, sendo proibida a montagem de tendas, palco ou qualquer tipo de infraestrutura fixa”.
Em 2023, a expectativa de voltar às ruas depois de dois anos de pandemia quase foi frustrada. No início de dezembro de 2022, a prefeitura ainda não tinha aberto diálogo sobre os preparativos. A primeira reunião só aconteceu, no mesmo mês, depois de várias solicitações dos blocos, mas nada foi apresentado de concreto. No final das contas, os blocos foram para as ruas do Centro, mas sem investimento da gestão, faltando banheiros químicos e cestas de lixo principalmente na avenida Beira-Mar, onde os desfiles aconteceram.
Para piorar a situação, o promotor de Justiça Marcelo Lemos Vieira notificou, em caráter recomendatório e premonitório, que a gestão municipal impedisse a realização do Carnaval de rua no Centro de Vitória no primeiro final de semana após a data oficial. Diante disso, a prefeitura suspendeu as licenças do Esquerda Festiva, que sempre sai aos sábados, e Prakabá, no domingo.
A alegação foi a poluição causada pelos blocos na baía de Vitória, embora nem o Esquerda Festiva nem o Prakabá desfilem na Beira-Mar. O Blocão apontou a medida como “inconstitucional e discriminatória, que acaba por criminalizar a maior manifestação da cultura popular do país e, em especial, o Carnaval de rua do Centro de Vitória”. Os blocos, no entanto, foram às ruas em forma de protesto.