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Capixaba cria ‘tour canábico’ na Espanha

O capixaba Gustavo Colombeck saiu da Serra para o Uruguai para realizar um sonho de unir duas paixões: a culinária e a maconha. Praticamente um “exilado canábico”, teve que sair do país onde sua prática utilizando uma erva natural poderia ser considerado crime. Seu trabalho chegou a ser destaque na BBC e muitos outros meios. Mesmo assim, ele não sossegou e decidiu buscar novos rumos, mudando-se para Barcelona, na Espanha, onde criou junto com amigos a Suave Tour, uma agência de viagens especializada em “turismo canábico”.

A mudança surgiu depois de uma viagem que Colombeck (o apelido vem da junção de “cola um beck”, que significa preparar um cigarro de maconha, o que faz com maestria) realizou com o amigo Henrique Reichert, youtuber do “Eu, a Maconha e a Câmera”.

Juntos visitaram países europeus onde a maconha é legalizada ou ao menos descriminalizada de alguma forma para uso recreativo, medicinal ou até industrial. Passaram por Portugal, Holanda e Espanha, onde o capixaba viu uma oportunidade, pois não havia pessoas envolvidas preparando culinária canábica, fora alguns biscoitinhos vendidos em clubes e associações para uso recreativo da maconha. Foi a partir do diálogo com pessoas desses clubes que surgiu o Suave Tour, que tem como público-alvo os turistas brasileiros que passam pela capital catalã.

“É um serviço de turismo diferente dos outros, em que as pessoas passam por lugares não tão tradicionais aqui em Barcelona e conhecem um pouco da cultura tanto pela gastronomia como pelas viagens”, afirma. Entre os lugares alternativos de visita, estão o Hash Marihuana & Hemp Museum, um museu especializado no tema. Uma degustação ou um jantar canábico também está incluído. Outro diferencial do Tour é que permite que o participante se associe a um clube canábico local, que tem acesso restrito. A agência oferece pacotes variados e os participantes podem optar por hospedagem, motorista à disposição e outras comodidades.

Gustavo também mantém em Barcelona a marca Chef Weed House, que criou no Uruguai para oferecer jantares organizados por demanda de grupos. Afirma estar sendo pioneiro em Barcelona. “Com esse projeto estou inovando no mercado, trazendo novos olhares para a cannabis. A culinária traz benefícios para pessoas que não são adeptas de fumar ou não estão acostumadas ao cheiro e preferem ingerir e ter uma sensação mais corporal. Isso faz com que as pessoas tenham outros olhos para a cannabis, de ver que também é algo medicinal que pode ser utilizado no final de um dia cansativo, ou para tratar de dores musculares”, diz. Na culinária, Colombeck costuma dialogar com a cultura local. Como começou no Uruguai vendendo os populares alfajores, na Espanha já realizou eventos de degustação de tapas, tira-gosto típico do país.

Ele explica que a “brisa” da cannabis na cozinha pode ser regulada de acordo com a quantidade do uso do ingrediente, sendo mais recreativa, psicoativa ou sedativa. A quantidade de THC ou CBD, substâncias psicoativas, vai depender também de cada pessoa, se possui ou não hábito com o uso de maconha.  Por isso, o trabalho do chef precisa ser cuidadoso e dentro do possível personalizado. Desde o Uruguai ele percebeu que há interesse das diferentes faixas etárias, jovens, adultos e idosos. Um dos que provou suas iguarias quando passou pelo Uruguai foi ninguém menos que o rapper Marcelo D2, ex-integrante do Planet Hemp, um dos maiores ícones da defesa da legalização do uso maconha no Brasil.

“Esse trabalho que venho desenvolvendo aqui em Barcelona busca abrir um pouco os olhos do Brasil para essa questão da cannabis. Soma também com o trabalho de amigos digital influencers que lutam levando informação ao Brasil. E também abre a mente das pessoas aqui em Barcelona sobre a questão de se poder trabalhar de várias formas com a cannabis, principalmente com a culinária”.

Com seu trabalho e de outros, que tem gerado repercussão e reportagens no Brasil, ele acredita que se pode mostrar no Brasil como há pontos positivos na legalização do uso da maconha a partir da experiência de outros países que o permitem. “Muitas pessoas veem a maconha como um mal da sociedade e não como um bem. Mas é o contrário. O Uruguai é um exemplo disso, me mostrou vários pontos positivos. Se o Brasil legaliza, isso ajuda a gerar renda e empregos, assim como está crescendo o mercado nos Estados Unidos. No Brasil tem tudo pra dar certo. Só não vê quem não, quer”, acredita Colombeck.

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