Apesar de todas as polêmicas envolvendo o Carnaval de Vitória nos últimos anos, e da crescente reivindicação por mais apoio, principalmente no que diz respeito aos blocos de rua do Centro, apenas três candidatos trazem em seus planos de governo propostas específicas para o fomento à festa popular: Camila Valadão (Psol), Capitão Assumção (PL) e João Coser (PT). O prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), Du Kawasaki (Avante) e nem mesmo Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), que quando esteve à frente da gestão municipal retomou a realização dos desfiles das escolas de samba, apresentam propostas com foco no Carnaval.
A falta de um olhar mais atento para a festa popular por parte das gestões municipais pode ocasionar grandes perdas para a cidade, conforme afirma a integrante do Grito da Cultura, Karlili Trindade. “O Carnaval é uma grande possibilidade de enxergar o fomento. Movimenta o mercado da cultura, tem dado visibilidade para Vitória fora do Espírito Santo, coloca o Estado na rota dos grandes eventos”, ressalta.
A proposta de João Coser é “apoiar iniciativas que objetivam consolidar os arranjos produtivos da criatividade, potencialmente o das escolas de samba, enfatizando a profissionalização de empreendedores, a formação de gestores, a construção de novas habilidades e competências para os atores do campo criativo”. Capitão Assumção se propõe a “continuar a promover e ajudar a Liga das Escolas de Samba de Vitória, para que o Carnaval se profissionalize e atraia turistas”, sem se aprofundar sobre que tipo de ações serão implementadas para que isso aconteça.
Camila Valadão foca mais nas propostas para a festa popular, contemplando a criação do Plano Municipal do Carnaval, do conselho municipal e da subsecretaria. Assim, aponta no programa de governo a “gestão correta dos desfiles das escolas de samba e do carnaval de rua”. A proposta remete a uma das maiores polêmicas em torno do Carnaval de Vitória, que é a necessidade de um compromisso por parte da gestão municipal para com a realização da festa popular, o que não tem sido registrado na condução de Pazolini na área, alvo de constantes críticas e protestos.
No Carnaval deste ano, a gestão municipal publicou o Decreto 23.180/2023, que “disciplina os desfiles de blocos de rua no município de Vitória e constitui a Comissão dos Desfiles de Blocos de Rua”, impondo uma série de restrições no Centro. Além disso, em 2023, principalmente no bairro, a expectativa de voltar às ruas depois de dois anos de pandemia quase foi frustrada.
No início de dezembro de 2022, a prefeitura ainda não tinha aberto diálogo sobre os preparativos. A primeira reunião só aconteceu, no mesmo mês, depois de várias solicitações dos blocos, mas nada foi apresentado de concreto. No final das contas, os blocos foram para as ruas do Centro, mas sem investimento da gestão, faltando banheiros químicos e cestas de lixo na avenida Beira Mar, onde os desfiles aconteceram. Camila Valadão também aponta em seu plano de governo a necessidade de “tornar realidade a cidade do samba”. Para isso, fala da construção desse complexo em diálogo com as escolas de samba.