Desfile criado há 31 anos foi resgatado no ano passado por organização que atua na região
O carnaval de Piúma, no litoral sul do Estado, contará com uma atração que visa promover a diversidade sexual e de gênero na região: o concurso Miss Gay Piúma 2024. Este será o segundo ano consecutivo de realização da programação, criada há 31 anos e resgatada no ano passado pelo Instituto de Fortalecimento e Empoderamento da População Negra + Diversidade (Fepnes + D), após vários anos de paralisação.
O desfile acontecerá neste domingo (11), a partir das 19h, na passarela anexa à Tenda Cultural, ao lado do portal da Ilha do Gambá. As participantes concorrerão a prêmios de R$ 1 mil (primeiro lugar) e um troféu; R$ 500 e um “look” (segundo lugar); e um vestido e hidratação e escova no cabelo (terceiro lugar). Além do desfile, a programação incluirá uma performance artística e música com o DJ João Vianna.
A primeira edição do Miss Gay Piúma foi em 1993, por iniciativa do produtor Ricardo Casas, envolvido na causa LGBTQIA+, junto a outros entusiastas – dentre esses, Josephina Guimarães, então secretária municipal de Cultura, que contribuiu para que a Prefeitura de Piúma apoiasse o evento.
“Foi o ponto alto do Carnaval daquele ano. Nos anos 90, Chica Chiclete e outros ícones da comunidade LGBTQIA+ de Vitória e do Rio de Janeiro vinham para Piúma participar da programação, que tinha shows de drag queens e várias atrações, era uma festa linda e muito aguardada”, conta a jornalista e professora Luciana Maximo, uma das diretoras do núcleo de Piúma do Fepnes + D.
Entretanto, em parte da gestão de Samuel Zuqui (PSDB) na prefeitura (2013-2016) e ao longo de todo o mandato de Ricardo Costa (PDT, 2017-2019) e Marta Scherrer (Patriota, interina de 2019 a 2020), o apoio do poder público ao Miss Gay foi retirado.
Luciana decidiu, então, encaminhar um ofício solicitando o retorno do concurso para a programação do Carnaval de Piúma, e a gestão do atual prefeito, Paulo Cola (Cidadania), topou contribuir com a estrutura do Miss Gay Piúma, retomado em 2023. No concurso do ano passado, Adrielly Pertuzzatti ficou com a primeira colocação.
Segundo Luciana, a população é bastante receptiva à iniciativa. “Eu costumo dizer que Piúma é diferente de todas outras 77 cidades do Espírito Santo. Todas as tribos se encontram aqui. Muitas pessoas de fora se apaixonam pelo pôr do sol e se mudam pra cá, diferentes etnias vivem em Piúma. E aqui a gente também vê muitas famílias LGBTs. A cidade é muito acolhedora, os turistas amam Piúma por ser um lugar de diversidade. E o Carnaval é a festa da diversidade”, afirma.
Isso não quer dizer que não haja discriminação. “Se você me perguntar se existe homofobia, sim, existe. Existe preconceito? Sim. Transfobia? Sim. Porque existem pessoas, e pessoas são pessoas, muitas vezes desinformadas. Tem sempre aquelas ignorantes, que desrespeitam tudo, a religião, a orientação, a cor, enfim. Um tipo de ser humano tosco, eu penso”, comenta.
A expectativa é de que um grande público prestigie o Miss Gay Piúma. A programação acontecerá no ponto de chegada do Bloco do Mé e do trio elétrico da programação oficial do Carnaval. “Creio que a fusão desses públicos com o público que curte o Miss Gay vai ser incrível”, projeta Luciana.