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Carnaval de rua ainda não encontra apoio da prefeitura, denuncia Blocão

Liga dos Blocos do Centro aponta que falta de diálogo com os blocos se mantém

Luara Monteiro

O Carnaval 2025 bate na porta, mas os blocos de rua do Centro de Vitória ainda não encontraram as portas abertas para dialogar com a gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) para tratar da festa popular. Em janeiro, foi encaminhado para o então secretário de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec), Luciano Forrechi, um ofício solicitando diálogo com a gestão, mas até hoje não houve resposta, o que motivou a Liga dos Blocos do Centro de Vitória, o Blocão, a se manifestar nas redes sociais nesta sexta-feira (14).

O Blocão destaca que, “apesar da divulgação nas redes sociais e da citação dos Blocos do Centro de Vitória nos informes da prefeitura, do prefeito e da vice-prefeita [Cris Samorini, do PP], o Carnaval de Rua do Centro ainda não se concretizou nas ações da administração municipal”.

O Blocão informa que, até o momento, nenhum bloco teve sua inscrição confirmada e que as solicitações feitas desde novembro, incluindo ofícios que pedem informações e reunião com a gestão municipal, seguem sem resposta. “Os organizadores dos blocos têm feito diversas tentativas de contato com a prefeitura, buscando um encontro formal para discutir as questões relacionadas à festa. Contudo, todas foram infrutíferas, com o único retorno sendo uma promessa informal de que ‘a reunião seria agendada’ – algo que não aconteceu até este momento”., diz a nota.

O texto acrescenta que, “enquanto isso, os Blocos Tradicionais, que são os verdadeiros protagonistas do Carnaval de Rua do Centro, continuam aguardando por políticas públicas que realmente incentivem a cultura local” e que “a folia popular deve ser uma construção com diálogo aberto e escuta ativa”. O Blocão encerra com o seguinte questionamento: “como a gestão municipal está promovendo o Carnaval de Rua, se, a menos de duas semanas da festa, os Blocos de Rua Tradicionais ainda não conseguiram se reunir com a prefeitura?”.

A administração municipal publicou, no Diário Oficial do dia 2 de janeiro, o Decreto nº 24.550, que estabelece normas e critérios para o desfile dos blocos de rua na cidade. Entre as determinações, estão o desfile dos blocos entre 8h e 19h; e a permissão de, no máximo, dois blocos a cada dia, desde que sejam em diferentes regiões administrativas da cidade – com exceção aos dias do Carnaval oficial, quando acontecem exclusivamente no Centro de Vitória.

A programação dos blocos, segundo o decreto, contempla as datas de 25 de janeiro até o último final de semana de março. Já para os blocos que vão desfilar apenas no Centro da cidade, a programação é voltada para os dias 1º a 5 de março.

No ofício encaminhado para a gestão de Lorenzo Pazolini em janeiro, o Blocão afirma enxergar como positivo o “reconhecimento do papel da administração pública na garantia do direito à cidade, à cultura e ao lazer, assumindo responsabilidades relacionadas à limpeza urbana, à oferta de serviços médicos de urgência, à oferta de sanitários e água potável, à promoção de melhor mobilidade urbana e à segurança pública”.

Contudo, aponta necessidade de melhorias, como a ampliação da quantidade de manifestações carnavalescas de rua por bairro/região administrativa; ampliação dos horários em que as manifestações carnavalescas de rua acontecem no período oficial de Carnaval, prevendo o desfile de blocos noturnos no período fora do Carnaval oficial. Um dos blocos que tradicionalmente desfilam fora desse período é o PelaDonas do Centro, que vai às ruas na quarta-feira antes do Carnaval.

Um dos representantes do Blocão, Douglas Santhos, recorda que, no ano passado, apesar de o decreto ter essa restrição, o PelaDonas foi às ruas, mas, destaca, é necessária a garantia de que não haverá impossibilidade em vez de depender “da boa vontade da prefeitura”. O Blocão reivindica, ainda, a possibilidade de blocos de Carnaval parados, como o Vai que Gama, que acontece todo ano na rua Gama Rosa; “a exclusão da previsão genérica e por demais ampla de responsabilização dos blocos de Carnaval de rua por danos de qualquer natureza no uso do espaço público”; e a inclusão de representantes dos blocos de Carnaval do Centro na Comissão de Desfiles de Blocos.

Reforma na praça

Outro gargalo no Carnaval de rua do Centro de Vitória é a falta de respostas por parte da prefeitura quanto à organização e dispersão dos desfiles de blocos na Praça Getúlio Vargas, já que ela está em obras, cercada de tapumes. No dia 7 de fevereiro, a Associação dos Moradores do Centro (Amacentro) encaminhou ofício para a Secretaria Municipal de Cultura e Secretaria Municipal de Desenvolvimento da Cidade, solicitando informações, mas ainda não obteve retorno.

A associação questionou quais medidas têm sido adotadas para garantir a dispersão segura dos blocos no local, se o ponto de dispersão será mantido na Praça Getúlio Vargas ou se há proposta para outro local. Também indaga sobre como será feita a instalação de banheiros químicos, pontos de hidratação e outros equipamentos públicos essenciais, além de buscar saber se há um planejamento específico para a alocação de vendedores ambulantes na região.

Por fim, tendo em vista que aos domingos ocorrem cultos da Igreja Batista de Vitória, que fica próxima à praça, a associação questiona como será feita a conciliação dessas atividades com a programação do evento, caso seja levada a dispersão para mais à frente a praça por causa da reforma, onde fica o templo.

“Reforçamos a importância do diálogo entre os órgãos municipais, os organizadores dos blocos, os comerciantes e a comunidade local para garantir um Carnaval de paz, alegria e bem-estar aos moradores do Centro de Vitória. Nosso objetivo é contribuir para uma festividade harmoniosa, respeitando os diferentes usos do espaço público e assegurando a organização necessária para o bom andamento do evento”, finaliza.

A Amacentro encaminhou para a prefeitura, no dia 2 de janeiro, um ofício com reivindicações nas áreas de segurança, limpeza urbana, comerciantes de rua e ambulantes, comunicação visual e informativo, tráfego e acessibilidade, sonorização, dispersão, inclusão, saúde, e planejamento e estratégia. Como o que foi solicitado ultrapassa as atribuições da prefeitura, a Amacentro já se reuniu também com a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), Casa Militar e Corpo de Bombeiros, e irá se reunir com a Secretaria Estadual de Cultura (Secult).

Arquivo Pessoal

O presidente da Associação, Walace Bonicenha, informa que, até o momento, a prefeitura afirmou que haverá fiscalização na entrada da rua Graciano Neves para evitar carros de som e automóveis, priorizando a circulação de pessoas. Na próxima segunda-feira (17), haverá reunião com o secretário Luciano Forrechi para tratar de ações de cultura de paz durante a folia. O líder comunitário espera obter respostas a respeito da dispersão na praça Getúlio Vargas nessa reunião.

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